Caríssimas(os) Amigas(os),
Mais uma vez chegou o Natal e o findar de mais um ano em nossas vidas!
Que no "balanço" desses 365 dias, entre as alegrias, tristezas, conquistas e decepções, espero que o saldo lhe seja favorável e num momento de silêncio, só seu e de plena interiorização e reflexão, você extraia os ensinamentos que a vida lhe proporcionou.
Que no novo ano, você faça a diferença em todos os contextos de sua vida e na construção de uma sociedade menos desigual, onde a esperança seja a mola propulsora de cada dia, a fé lhe conceda a certeza de que suas conquistas realmente valeram a pena e que o amor esteja presente na sua energia que irá irradiar pra todos, em todas as circunstâncias e momentos que irá viver!
Feliz Natal!
Seja feliz... e sempre com Deus presente em sua vida para recepcionar e saudar o novo ano: o melhor de sua vida!
Até breve!
Após mais de três décadas como Executivo e Consultor de Empresas, resolvi abrir este espaço com o propósito de trazer meus artigos (escritos nos últimos 20 anos), comentários e sugestões para os profissionais que exercem posições de comando dentro das organizações e para os demais interessados pelo "mundo" da gestão empresarial. Planejar, produzir, checar e agir/corrigir são os pilares tradicionais da gestão e eu acrescento: respeito, confiança e cooperação. Sucesso...sempre! Carlos Zaffani
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Crônica para um SER... feliz!
Estimadas(os),
Com a proximidade do NATAL e do término de mais um ano, deixo esta crônica para que você possa refletir e ter a certeza de que para SER FELIZ, não é preciso muito!
Boa leitura e reflexão!
Carlos Zaffani
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Com a proximidade do NATAL e do término de mais um ano, deixo esta crônica para que você possa refletir e ter a certeza de que para SER FELIZ, não é preciso muito!
Boa leitura e reflexão!
Carlos Zaffani
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Sei que você tem muitos defeitos,
com frequência vive momentos de tensão e ansiedade e deve ficar irritado em
várias situações, certo? Com certeza não
é muito diferente do que acontece comigo e com a maioria das pessoas. Seja como
for, jamais se esqueça de que sua vida tem um condutor mestre: você!
Esteja certo de que muitas
pessoas o apreciam e torcem por você e pelo seu sucesso. Se assim é, por que
não ser feliz, mesmo que no céu da vida as tempestades possam ser frequentes,
percalços e acidentes acontecerão, decepções marcarão muitos dos seus
relacionamentos e vários desafios estressantes serão companheiros de sua
jornada profissional ?
Ser feliz é saber descobrir
a importância do perdão, jamais esmorecer diante dos obstáculos, vencer os
temores irracionais presentes em sua mente e descobrir a força do amor, mesmos
nos mais sérios desencontros de seus relacionamentos. Para ser
feliz, é preciso incentivar e descobrir o
sorriso no rosto entristecido daqueles que sofrem, não jubilar-se apenas
com o sucesso, mas aprender a extrair lições importantes de seus fracassos,
saber que o aplauso pode incentivar, mas também inebriar e assim compreender
que no anonimato também é possível encontrar o reconhecimento verdadeiro de uma
força maior presente no universo: Deus. Ser
feliz, não é uma consequência de seu destino – este você constrói – mas uma
grande conquista para ser perseguida ao longo dos caminhos tortuosos e desafiadores
de sua mente e de seu coração. Pare de
se considerar vítima das circunstâncias e torne-se o criador de sua própria
história. Saiba atravessar os desertos de sua vida com a certeza de que um
oásis será o presente que o espera.
Desenvolva a humildade para agradecer a Deus a oportunidade de estar
vivo à cada novo dia e ser o grande artista desse grande espetáculo que se
chama vida!
Ser feliz é saber reconhecer suas fraquezas, expor sem medos seus
sentimentos, saber receber uma crítica ou um “não” com a mesma serenidade de um
“sim” que você deseja. Ser feliz, é saber amar seus pais, seus
irmãos, seus filhos e seus amigos mesmo naquelas situações inesperadas em que
um fato ou circunstância tente plantar a semente da mágoa ou ressentimento em
seu coração. Ame com sublimidade os idosos e tenha compaixão para com as
pessoas carentes, respeitando-as, porém, como os seres humanos mais dignos que
você conhece. Não sinta vergonha de exteriorizar a criança que existe dentro de
você. Ria das situações desastradas que, de vez em quando, você cria em sua
vida e jamais tenha vergonha de dizer: eu errei! Também tenha humildade para
dizer: “preciso de você” e suficientemente despojado de qualquer fagulha de
orgulho ao falar: “perdoe-me”.
Para ser feliz é preciso saber criar um jardim de oportunidades para
si, mesmo nos terrenos mais íngremes ou
arenosos. Para aqueles que estão
vivendo a primavera ou verão de suas vidas, desfrute-os com satisfação e
alegria e para aqueles que já chegaram no outono ou inverno, saibam identificar
e desfrutar as belezas que o tempo plantou com tanta sabedoria.
Se você trilhar um caminho
errado, torço para que você descubra isso o mais rápido possível e possa
retornar e seguir na verdade pelo resto de seus dias. Jamais desista, se
necessário, de recomeçar uma nova
jornada, pois cada vez que fizer isso com alegria verá o quão prazeroso é viver
e sentirá, no mais profundo de seu coração, que para ser feliz não é necessário levar uma vida perfeita, mas saberá
compreender quando uma lágrima rolar por
sua face e sempre terá uma palavra, um sorriso, um abraço ou um carinho quando
perceber uma lágrima descendo dos olhos de um semelhante.,
Aproveite cada minuto de sua vida
para descobrir que a tolerância e a paciência são duas virtudes capazes de
edificar um caráter sábio e sereno. Não
perca as oportunidades que a vida lhe oferece em forma de obstáculos e
barreiras. Saiba extrair desses obstáculos e barreiras, ensinamentos para
fortalecimento de seu interior. Jamais
deixe de acreditar na nobreza e bondade do ser humano, mesmo que na maioria das
pessoas tais virtudes não sejam percebidas, pois tudo é uma questão de saber
fazer brotá-las no momento certo. Incentive-as nessa direção!
Jamais deixe de acreditar em si
mesmo, em sua capacidade de superação. Jamais deixe de acreditar que é possível
ser feliz mesmo que em alguns
momentos da vida, você possa vir a ter a
sensação de abandono e solidão. Lembre-se, a vida é um grande espetáculo
onde o maior artista é você.
Como um ser abençoado e especial,
aprenda a compartilhar com os outros, sua inteligência, seus conhecimentos e
suas experiências mais gratificantes e você estará ajudando a forjar seres cada
vez melhores e nunca se esqueça de que sua sinceridade e atitudes serão exemplos
para muitos que estarão à sua volta. Todo ser abençoado e especial, sabe que o ato de se doar para o bem de um
semelhante, sem qualquer forma de interesse é um presente divino pois trata-se,
em realidade, de um verdadeiro ato de amor.
Se você ainda não percebeu que o
conteúdo desta crônica também abrange todos os contextos de sua vida
profissional, permita-me lembrar-lhe que as atividades que desenvolverá ao
longo do dia não dependerão apenas de conhecimentos técnicos, mas
principalmente de sua habilidade de relacionar-se com outras pessoas. Desse
modo, para ser feliz, jamais se
esqueça de dar o melhor de si, trabalhando e agindo sempre com respeito e
educação, mas mantendo garra, determinação e obstinação por seus ideais e de
sua empresa. Seja um apaixonado por aquilo que faz e serás percebido em todas
suas potencialidades e competências. Seja
feliz, não apenas alcançando os objetivos da
organização, mas superando-os com
alegria e sabendo agradecer e compartilhar cada conquista com todos aqueles que
ajudaram-no a chegar lá!
Que você jamais tenha medo de ser
feliz, mesmo reconhecendo suas fraquezas e vulnerabilidades, pois sabe que é
especial e que aprendeu que é preciso saber amar-se para poder exteriorizar
suas grandes virtudes e irradiar sua energia mais forte e vibrante,
suficientemente capaz de transformar mentes e corações.
Que você seja o elo mais forte dessa corrente chamada
felicidade!
Autor: Carlos A. Zaffani
- Consultor em Gestão de Empresas
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
O lider acima de qualquer suspeita
Quanto mais amadurecido na vida e profissionalmente, mais surpreendo-me com o instigante e desafiador “mundo” da gestão empresarial.
Algumas semanas após ter escrito o artigo "Lider: um ser cada vez mais raro!", passei por uma daquelas grandes livrarias e resolvi comprar o livro que - na época - estava há mais de trezentos dias entre os dez mais vendidos, já na sua 12ª edição: “O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência da liderança”, de James C. Hunter.
De leitura fácil e agradável, rapidamente devorei as 139 páginas de seu conteúdo. A cada página virada, mais reforçada ficava minha sensação de que o artigo que escrevera há tão pouco tempo estava incompleto, muito embora tivesse a firme convicção da qualidade da mensagem nele contida, uma vez que abordei o tema com objetividade e destaquei vários aspectos e características observadas nos melhores líderes empresariais e que têm sido estudadas pelos especialistas e escolas de administração.
Como enfatizara no texto, as recomendações não garantiria à ninguém a certeza de se tornar um grande lider, porém, ajudaria a pessoa no comando, a ser mais respeitada e com melhores perspectivas para obtenção de resultados superiores. Mas isso era (ou é) suficiente?
Se, por um lado, aquela sensação de uma mensagem incompleta me incomodou, de outro me incentivou a retornar ao assunto, pois para alguém que sempre acreditou na essência e valor do ser humano, senti-me na obrigação de apresentar outras abordagens sobre o verdadeiro LIDER – que eu considero acima de qualquer suspeita :
- sem a objetividade e pragmatismo do artigo anterior, mas com tons de sabedoria suficientes para conduzir o leitor à reflexões;
- sem qualquer enfoque religioso, mas tomando emprestado alguns ensinamentos bíblicos; e
- com “pinceladas” que podem transparecer um certo romantismo, sem no entanto beirar a pieguice.
Assim sendo, tendo como base o livro citado, nas próximas linhas quero compartilhar com vocês, um pouco desse LIDER - estritamente no âmbito das empresas - e mostrar que é possível sim construir e exercer uma liderança vitoriosa, mesmo que para muitos esse modelo seja irreal e incabível diante das exigências atuais dentro das organizações.
Um dos precursores da Sociologia (Max Weber), há muitos anos já apresentara as profundas diferenças entre “Poder” e “Autoridade”.
Sintetizando essas diferenças no âmbito das empresas, podemos afirmar que:
- o Poder se manifesta quando alguém força ou coage uma pessoa ou grupo a fazer algo que deseja em razão de seu cargo ou posição que ocupa na estrutura da organização; e
- a Autoridade surge pela habilidade de conduzir uma pessoa ou grupo a fazer - de boa vontade – o que se deseja, simplesmente em razão da capacidade e influência pessoal.
Tenho a convicção de que você concorda comigo na seguinte afirmação: a grande maioria dos Executivos, Gerentes, Supervisores ou Chefes exercem suas lideranças baseadas exclusivamente no Poder ! Essa é, infelizmente, uma das principais causas da insatisfação das pessoas dentro de nossas organizações.
Baseada na escala de poder, foi sendo construída ao longo dos anos a hierarquia organizacional tradicional: presidente, diretores, gerentes, supervisores / chefias e demais funcionários, sem qualquer preocupação em relação as habilidades para o exercício da autoridade.
Se tomarmos como exemplo um dos maiores líderes da história da humanidade: Jesus, constataremos que ele construiu sua liderança - com autoridade - baseada em dois princípios: o Amor e o Servir.
Mas o que o Amor, como sentimento, magnânimo em sua plenitude nas relações humanas pode contribuir nesse mundo capitalista e competitivo dentro das empresas ?
- É exatamente aqui que descobrimos um sábio ensinamento do significado do amor na palavra grega “AGAPE”, que pode ser traduzida como a manifestação do amor incondicional, baseado no comportamento com as outras pessoas, sem exigir absolutamente nada em troca. Assim por maiores que possam ser as diferenças ou divergências que um Lider tem em relação às pessoas de sua equipe, é através de seu comportamento que ele conseguirá conquistar o respeito e admiração de todos, exercendo então a liderança com autoridade.
Que formas de comportamentos estamos nos referindo :
· Sendo paciente em todas as circunstâncias, mantendo um auto-controle que inspire a serenidade mesmo nas situações mais tensas e difíceis.
· Sendo bondoso, dispensando atenção e apreço por todas as pessoas, independente do cargo ou posição hierárquica e incentivando-as ao desenvolvimento profissional e crescimento pessoal.
· Exteriorizando uma humildade verdadeira, com autenticidade em todas as circunstâncias...sem orgulho...sem arrogância.
· Respeitando todas as pessoas (do menor ao maior nível hierárquico), tratando-as com dignidade, educação e fazendo-as sentirem-se importantes.
· Sendo generoso, buscando, com real interesse, conhecer e satisfazer as necessidades de seus comandados.
· Incentivando, desenvolvendo e praticando verdadeiramente o perdão, não permitindo nenhuma forma de ressentimento, mesmo nas situações mais adversas no dia-a-dia da empresa.
· Sendo absolutamente honesto em suas palavras e atitudes, não simulando “situações” ou “enganos” intencionais com propósitos escusos.
· Mantendo o compromisso de lutar por uma causa, com um grau de comprometimento absoluto e dedicado ao crescimento de seus liderados.
Com tais práticas comportamentais por parte do Lider, seguramente construir-se-á junto aos comandados, um alto grau de percepção baseada no SERVIR. Assim, o ato de liderar passa a representar um verdadeiro serviço ao próximo. Entretanto, o ato de servir depende da intenção com a ação, transformando tal conjunção na vontade de servir, tornando possível a estruturação do seguinte modelo de liderança:
L I D E R A N Ç A
AUTORIDADE / INFLUÊNCIA
SERVIÇO
AMOR (AGAPE)
VONTADE
Tudo isso pode parecer impossível em nossos dias, porém é preciso acreditar e tornar possível tal modelo, lembrando que quando falamos do “amor ao próximo” não estamos nos referindo ao “sentimento”, pois como tal é (ou pode ser) passageiro e fugaz, enquanto que baseado no comportamento, ele se edifica no compromisso / comprometimento e assim se sustentando perenemente.
Essencialmente, a maioria dos problemas dentro de nossas organizações não está (sob a ótica tradicional) na base da pirâmide, mas geralmente no topo dela. Isso decorre dos valores construídos em bases distorcidas e equivocadas, mas que são suficientemente fortes e capazes para deteriorar e até destruir relações humanas saudáveis.
Vivemos hoje um momento singular na história da humanidade, a qual nos apresenta uma grande oportunidade de transformação para nossas organizações. Nossas lideranças estão “em xeque”! A oportunidade está nas escolhas que cada lider tem que fazer: continuar liderando com base no poder ou desenvolver as habilidades naturais que possam conduzi-lo a conquista do respeito com autoridade.
Vivemos hoje um momento singular na história da humanidade, a qual nos apresenta uma grande oportunidade de transformação para nossas organizações. Nossas lideranças estão “em xeque”! A oportunidade está nas escolhas que cada lider tem que fazer: continuar liderando com base no poder ou desenvolver as habilidades naturais que possam conduzi-lo a conquista do respeito com autoridade.
Para desenvolver a capacidade do amor (agape) baseado no comportamento, é preciso coragem em primeiro lugar, pois as estruturas hierárquicas continuam resistentes e, por melhor que venha a ser a intenção, se não houver ações concretas, tudo não passará de pura fantasia. Em segundo lugar, é preciso desvencilhar-se das próprias amarras do individualismo, egoísmo e interesses pessoais e passar a ter o desejo sincero de identificar e satisfazer as necessidades de seus comandados, conciliando tudo com objetivos e interesses saudáveis de acionistas ou cotistas das organizações.
Que esse “outro lado” da moeda chamada liderança seja uma realidade dentro de sua empresa e que, como lider, você jamais sofra um “xeque-mate”!
Autor: Carlos Alberto Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
Autor: Carlos Alberto Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Cuidados a serem tomados na construção da carreira profissional
Entrevista que, inicialmente, concedi para a intranet de uma grande instituição financeira e que também foi publicada no site do Cenofisco. Nela, abordo vários aspectos sobre os
cuidados a serem tomados na construção de uma carreira profissional, bem como
em relação aos ciclos dessa trajetória.
3 - Quais são os ciclos da vida profissional? Eles realmente têm a ver com a idade? Qual é a relação que se pode fazer? Como o profissional pode administrar os ciclos?
4 – Quais são as reflexões mais importantes (ou as
perguntas) que deve fazer ao encerrar um ciclo e iniciar outro?
5 – Muita gente deixa a decisão sobre suas vidas para amanhã
e esse amanhã nunca chega ou chega tardiamente. Tomar decisões e mudar é
difícil, mas quais riscos essa postura traz?
R: Na verdade, a maioria dos
seres humanos tende a procrastinar suas decisões, “deixando” para outro dia ou
para um outro tempo que nunca chega e, com isso, passa a conviver com vários
ciclos “em aberto”, os quais acabam contribuindo negativamente nos vários contextos
da vida.
6 – Quais são as consequências da má gestão de carreira?
R: A má gestão de carreira e
dos ciclos da vida profissional pode conduzir a pessoa a um estado de exaustão
prolongada e consequente diminuição do interesse em relação a todas as coisas
que se relacionam ao trabalho. Na medida em que os ciclos profissionais não são
fechados, crescem os problemas de relacionamento com as chefias e demais
colegas, caem o desempenho e o grau de cooperação com a equipe e aumentam os
conflitos internos.
Para quem se encontra nesse estágio da vida profissional, é essencial a formulação de ciclos que privilegiem a família, a sociedade (representada pelos seres humanos mais carentes), a saúde e a espiritualidade.
Bom trabalho e até breve!
Entrevistado: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
1 – Muitas pessoas acham que os anos passam rápido demais.
Isso é verdade ou somos nós que decidimos o ritmo de nossas vidas?
R: Inicialmente, a sensação do tempo passando
rápido demais é uma realidade cada vez mais presente em nossos dias - especialmente para quem vive nas grandes
cidades - porque estamos expostos a inúmeros “agentes” (trabalho, estudo, trânsito,
insegurança, meios de comunicação, Internet, etc) que atuam como aceleradores
de nossa vida. De outro lado, cada um de nós pode dosar tal “aceleração”
através de atitudes, posturas e comportamentos que exigem disciplina,
persistência, serenidade e muita dedicação pessoal.
2 – Se colocarmos o pé no acelerador, não corremos o risco
de deixar passar coisas importantes? E se pisamos no freio não podemos levar a
vida em marcha lenta, o que pode ser fatal para a carreira?
R: Assim como na direção de um veículo possante,
se acelerarmos demasiadamente, poderemos até chegar mais rápido no destino,
porém correremos o sério risco de provocarmos um acidente e demorarmos muito
mais para chegar onde desejamos. Por isso, sou partidário do equilíbrio na
dosagem com que programamos a nossa jornada de vida profissional, ora
acelerando na busca dos objetivos de curto prazo e ora mais lentamente, na
consecução de nossas metas de longo prazo.
Atualmente,
percebo nos jovens, uma necessidade muito forte de crescimento rápido, porém,
quase sempre, sem a devida consistência na formação e experiência, o que tem
contribuído para muita decepção, tanto para o profissional quanto para as
organizações.
3 - Quais são os ciclos da vida profissional? Eles realmente têm a ver com a idade? Qual é a relação que se pode fazer? Como o profissional pode administrar os ciclos?
R: Podemos sintetizar os ciclos da vida
profissional em quatro momentos, ou seja:
·
aqueles que estão iniciando a carreira;
·
aqueles que estão no meio da carreira, porém com
falta de perspectivas de crescimento;
·
aqueles que estão no meio de uma carreira
ascensional; e
·
aqueles que estão na fase final de suas carreiras
Entendo que não existe uma
regra estabelecida em relação à idade, porém da mesma forma que um profissional
muito jovem dificilmente chega a um cargo de direção com pouca experiência, um
outro com uma certa idade e muitos anos numa mesma posição hierárquica em nível
de assistente ou encarregado, alcançará uma posição executiva.
Cada profissional precisa
fazer sua autoavaliação sobre o seu momento, onde se encontra e a partir daí,
direcionar os passos subsequentes para encerramento ou não de um ciclo.
R: Eu
diria que , essencialmente, o profissional precisa refletir e responder uma
pergunta básica: estou feliz e realizado na minha vida profissional? Se for
negativa, faz-se necessário encontrar respostas conclusivas (isso pode ser
feito com a aplicação dos “por quês?” até que não exista mais nenhum) e então
estabelecer os passos e/ou ações seguintes.
Se a
resposta à pergunta básica for positiva, reavalie se seus objetivos continuam
claros e continue a jornada.
Todos nós tomamos decisões
em vários momentos de nosso dia-a-dia e não nos apercebemos disso. Todavia, no
campo profissional, é comum deixar para amanhã, depois ou nunca e, isso é um
dos maiores erros que podemos cometer. Quantos profissionais, por medo ou
acomodação, passam a vida infelizes, simplesmente
porque foram incapazes de tomar decisões que envolviam algum risco. Nesse ponto
lembro que o risco é parte integrante da trajetória de todo profissional que
quer crescer!
Acredito que as pessoas que
conseguem desenvolver uma boa gestão de carreira e dos ciclos da vida
profissional se fortalecem e “acumulam energia” que as ajudam a resolver os
problemas e superar as barreiras e dificuldades com naturalidade. Apesar de
concordar que ser resiliente é uma questão de atitude, tenho certeza que, gerir
competentemente a carreira e os ciclos da vida profissional, encerrando-os no
tempo certo ou quando as circunstâncias impuserem, irá ajudá-lo a fortalecer
seu grau de resiliência.
7 – O que você recomendaria para: os jovens em início de
carreira; para aqueles que estão no meio de uma carreira ascensional; para os
que estão na fase final de carreira?
R: Para aqueles que estão em inicio de
carreira, recomendo um “planejamento de ciclos”: a estruturação de como se pretende
construir a carreira ao longo dos anos. Para tanto, é preciso projetar e
estabelecer metas (com prazos) até onde se quer chegar e os meios necessários.
Recomendo que jamais se esqueça de que o medo pode ser um dos maiores
obstáculos para o encerramento de um ciclo.
Para os que estão no meio da
carreira, mas estagnados, minha recomendação é fazer uma “revisão dos ciclos” e
planejar os “novos” necessários para uma retomada do desenvolvimento
profissional. Para estes lembro que, além do medo, a acomodação pode ser o
principal adversário de seu progresso.
Para os que estão crescendo
na carreira, recomendo fazer uma “reflexão dos ciclos passados” e a forma como
cada um deles foi concluído, extrair os melhores ensinamentos e projetar os
“novos”, ainda com maior consistência. Mas, cuidado! Com uma carreira vitoriosa
até aqui, certamente o medo não marcou presença em sua trajetória, porém não se
esqueça que, se de um lado a confiança é uma das principais qualidades dos
profissionais vitoriosos, o seu excesso poderá criar uma “cortina” que impedirá
a visão realista dos ciclos atuais e futuros de seu desenvolvimento.
Para aquele que está em
final de carreira, independentemente se foi um
profissional de grandes conquistas ou não, lembre-se, em primeiro lugar,
que o encerramento de uma carreira deve representar apenas o final de um dos
ciclos da vida e assim como o nascer do sol anuncia um novo dia, a perspectiva
do final da carreira deve ser o incentivo para a formulação de um (ou vários)
ciclo que contemple aspectos que possam trazer bem estar, prazer, realização e
crescimento interior.
Para quem se encontra nesse estágio da vida profissional, é essencial a formulação de ciclos que privilegiem a família, a sociedade (representada pelos seres humanos mais carentes), a saúde e a espiritualidade.
Bom trabalho e até breve!
Entrevistado: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Estagiários: contratando sem receios ou sustos!
Durante quase
trinta e um anos, as relações entre os estagiários e as empresas estiveram
baseadas na Lei 6494/77, período em que muitas organizações se aproveitaram, mesmo
que ferindo alguns dos dispositivos legais e até correndo risco de autuações,
como mecanismo de contratação de jovens a um custo significativamente menor, em
comparação a uma relação empregatícia normal.
Também, no transcorrer dessas três décadas, quantos
foram os estagiários que trabalharam durante dois, três, quatro e até cinco
anos em tal condição e ao término do curso superior, terem seus contratos de
estágio encerrados e não serem contratados - como funcionários - pelas
respectivas empresas. De outro lado, também não resta dúvida que, apesar das
limitações e críticas que possam ser feitas em relação à tal legislação,
quantos profissionais não são gratos à
ela por terem tido a oportunidade de serem contratados como estagiários e
construído carreiras vitoriosas.
Seja como for, fazia-se necessária uma revisão na
legislação sobre o assunto e tal revisão veio com a Lei 11788/2008, publicada
no DOU em 26/09/2008, a qual estabeleceu uma série de novos direitos para esta
categoria “especial” de trabalhadores e tornando-se válida para todos os
contratos de estágio assinados ou renovados a partir dessa data.
Em minha opinião, a realidade é que a nova
legislação, entre outras coisas, impôs às empresas e demais partes concedentes:
maior planejamento para as contratações e acompanhamento dos estagiários, criou
a perspectiva de ampliação do número de vagas, dificultou a possibilidade da
contratação de empregados “disfarçados” e, principalmente, estendeu aos mesmos,
benefícios aplicados apenas quando existente o vínculo empregatício.
Feitas essas considerações preliminares, vamos
abordar os aspectos mais relevantes da nova legislação, os quais devem ser
observados na contratação, manutenção e acompanhamento de estagiários, nunca
esquecendo aquele que considero como o principal objetivo que é a introdução do estudante no mundo corporativo e a
perspectiva de sua preparação para a construção de uma carreira profissional mais
sólida e consistente dentro da organização.
Nota: Independente destes comentários, por ser bastante
didática, recomendo à todos aqueles que tiverem
interesse, acessar a cartilha expedida
pelo M.T.E., através do link: http://www.mte.gov.br/politicas_juventude/cartilha_lei_estagio.pdf.
1. A nova legislação estabeleceu a fixação de um
limite do número de estagiários, proporcionalmente ao número de empregados, ou
seja:
nº
de empregados nº de estagiários
de 1 a 5 1 de 6 a 10 2 de11 a 25 5 mais
de 25
até 20%
OBS: Para cada grupo de 10 (dez) estagiários, a
parte concedente deve designar pelo menos um supervisor.
2. Além dos cursos previstos anteriormente, ou seja,
ensino médio, profissionalizante, especial e superior, a lei nº 11788/08
introduziu também o ensino fundamental profissionalizante (em seus últimos
anos).
3. A nova legislação criou dois tipos de estágios:
·
obrigatório: aquele
previsto como carga obrigatória e também na grade curricular do curso do
estagiário e sendo requisito necessário para a conclusão do mesmo; e
·
não obrigatório: não
está previsto na grade curricular e não é requisito para conclusão do curso.
4. De outro lado, são três os requisitos para
caracterização do contrato de estágio:
(i) matrícula e frequência
regular no estabelecimento de ensino;
(ii) termo de compromisso entre o
estagiário, instituição de ensino e a parte concedente do estágio; e
(iii) a compatibilidade entre as
atividades exercidas no estágio e o ensino ministrado pela escola.
Portanto, existem três partes envolvidas num
contrato de estágio: o estagiário, a instituição de ensino e a parte
concedente. Também é comum existir a participação de um “agente de
integração”, ou seja, uma entidade facilitadora para colocação do estagiário no
mercado (Ex: CIEE, destacando-se que não podem cobrar nada dos estagiários pela
intermediação entre as partes concedentes e as instituições de ensino).
5. Podem conceder estágios: pessoas jurídicas (com
ou sem fins lucrativos), de direito público ou privado e os profissionais
liberais com formação superior, devidamente registrados em seus Conselhos de
Fiscalização Profissional.
6. A duração do contrato de estágio passou a
ser limitada ao prazo máximo de 2 (dois) anos. Como exemplo, uma empresa
pode firmar um contrato de estágio com um estudante universitário por, no
máximo, dois anos, excetuando-se os portadores de deficiência, os quais não tem
prazo máximo para seus contratos de estágios.
7. Os direitos dos estagiários
Essencialmente, a legislação anterior previa apenas
uma jornada de trabalho compatível com os estudos do estagiário e a contratação
de um seguro contra acidentes pessoais para o mesmo. Já a lei 11788/08 ampliou
significativamente os seus direitos, ou seja:
a)
Jornada de Trabalho
Foram estabelecidas diferentes jornadas, de acordo
com o curso freqüentado, ou seja:
Limites
Diário Semanal
·
Ensinos especial e fundamental ........: 4 horas 20 horas
·
Ensinos médio, profissional e superior: 6 horas 30 horas
OBS: Tais cargas podem ser dilatadas até 40 horas
semanais nos cursos que alternem teoria e prática, porém somente nos períodos
sem aulas presenciais. De outro lado, nos períodos de exames e avaliações
no curso, as jornadas devem ser reduzidas, não podendo exceder a metade do
normal.
b)
Férias (ou recesso conforme previsto no texto legal)
O estagiário passou a ter direito a férias de 30
(trinta) dias, a qual deve coincidir com a da instituição de ensino. Embora
remunerada, é diferente da concedida ao empregado, pois não há direito ao
adicional de 1/3.
Também, é assegurado o recesso proporcional, ou
seja, aplicável mesmo nos contratos de estágio com duração inferior a um ano.
c)
Bolsa e vale-transporte
Tornou-se devido, porém, somente aos estágios não-obrigatórios, ou
seja, aqueles que não são previstos como requisitos nas grades curriculares dos
estudantes.
Nos contratos de estágios obrigatórios, as partes
concedentes estão desobrigadas da concessão de bolsa e do auxílio-transporte.
8. Considerações finais
No meu entendimento, a nova legislação avançou,
principalmente porque afastou (ou pelo menos dificultou) os falsos vínculos de
estágio e o desvirtuamento do caráter educativo e preparatório do estudante para
a vida profissional. Nesse sentido, é importante destacar que se a parte
concedente reincidir na prática fraudulenta, estará impedida de contratar
estagiários pelo prazo de 2 (dois) anos.
Outrossim, no âmbito da Previdência Social, o
estagiário continua sendo considerado um segurado facultativo, pois embora seja
um “trabalhador especial” não é um “empregado especial”. Ressalte-se, no
entanto, que a própria legislação previdenciária prevê a hipótese do estagiário
tornar-se um segurado obrigatório, caso seja constatado o “falso estágio”,
situação em que, configurar-se-á o vínculo empregatício.
Por todo o exposto, podemos concluir que o
estagiário, sob o manto da nova legislação, aproximou-se ainda mais da
caracterização de um “empregado especial”, o que pode ser um indicativo de que,
no futuro, tal situação seja definitivamente incorporada pela legislação
trabalhista e considere o âmbito corporativo, parte integrante dos estudos e o
contexto ideal para a boa formação do jovem profissional.
E a sua organização, caro leitor, como vem tratando
as relações com os estagiários?
Bom trabalho e até breve!
Autor: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de empresas
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Teletrabalho e o trabalho em domicílio
Foi-se o tempo em que – em
relação ao local - o trabalho do empregado era exercido, basicamente, de três
formas: interno, externo ou um misto das duas anteriores. A primeira forma era
exercida pelos empregados que desenvolviam suas atribuições integralmente
dentro das instalações das empresas (aqui incluído os terceirizados), a
segunda inteiramente fora delas e a
terceira quando parte era desenvolvida internamente e parte fora.
Com o avanço tecnológico, essa
realidade começou a mudar e quanto mais acelerado foi esse avanço, novas
situações possíveis nasceram para que os empregados pudessem desenvolver suas
atribuições e responsabilidades profissionais.
Surgiu o trabalho em domicílio e
as novas tecnologias de comunicação, especialmente a telefonia celular,
internet, microcomputador e os notebooks, consolidaram novas formas no
relacionamento entre muitas empresas e seus empregados, bem como entre estes e
as partes relacionadas (ex: clientes externos e internos, fornecedores, bancos,
etc).
Para que possamos abordar alguns
aspectos interessantes dessa realidade, hoje presente em quase todas empresas,
precisamos ressaltar e contextualizar que nos referimos ao teletrabalho e o trabalho
em domicílio.
Apesar de existirem inúmeros
conceitos e definições desenvolvidas por especialistas para o teletrabalho, tomamos uma
apresentada no site da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (http://www.sobratt.org.br/faq.html#p06)
a saber: “é todo e qualquer
trabalho realizado a distância (tele), ou seja, fora do local tradicional de
trabalho (escritório da empresa), com a utilização da tecnologia da informação
e da comunicação, ou mais especificamente, com computadores, telefonia fixa e
celular e toda tecnologia que permita trabalhar em qualquer lugar e receber e
transmitir informações, arquivos de texto, imagem ou som relacionados à
atividade laboral.”
Já o trabalho em domicílio, conforme apresentado no boletim 06 /
2012 (Manual de Procedimentos – Trabalho e Previdência), página 3, conceitua-se
como sendo “aquele que é prestado fora do
âmbito da empresa, na residência do empregado, ou em oficina de família, por
conta do empregador que o remunere”, lembrando “que o trabalhador em domicílio não pode ser confundido com o empregado
doméstico, nem com o trabalhador autônomo”.
Podemos depreender pelos
conceitos retros que nem todo teletrabalho é trabalho em domicílio, como também
nem todo trabalho em domicílio é teletrabalho, mas ambos são espécies de trabalho à distância, muito embora tais
formas possam se conjugar.
Aspectos positivos, negativos e
controvérsias
É evidente que os novos meios
tecnológicos e o trabalho em domicílio podem facilitar o dia-a-dia das empresas
e de milhares de profissionais. Entre outras circunstâncias favoráveis podemos
destacar:
·
maior flexibilidade de horários;
·
eliminação de gastos com transporte e riscos no
percurso até a empresa, o que resulta
também na diminuição da poluição e dos congestionamentos viários;
·
agilização da comunicação e da circulação de
atividades e informação;
·
perspectiva de melhoria na vida privada do
empregado através do maior convívio familiar;
·
maior inclusão de pessoas com dificuldades de locomoção;
·
possível redução do desemprego através da não
limitação do espaço da empresa; e
·
incremento da produção e diminuição de seus
custos.
Evidentemente, esse novo
cenário também apresenta aspectos desfavoráveis e/ou desvantagens tais como:
·
isolamento do empregado do ambiente empresarial;
·
maior dificuldade com padronização da produção;
·
possíveis problemas com aspectos relacionados à
segurança do trabalho (ex: ergonomia, esforços repetitivos, má postura, etc);
·
maior risco de desídia;
·
riscos de concorrência com o empregador e/ou
quebra de sigilo profissional;
·
dificuldade de fiscalização; e
·
informalidade e exploração do trabalhador.
Outrossim, em muitas
situações, as vantagens anteriormente destacadas também podem significar
problemas futuros (reclamações trabalhistas) para as empresas se não forem
tomados alguns cuidados específicos, especialmente a partir da edição da Lei nº
12551, que entrou em vigor em
16/12/2011, com a nova redação dada ao artigo 6º da CLT:
"Art. 6º - Não se distingue entre o trabalho realizado
no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o
realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da
relação de emprego.
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação
jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do
trabalho alheio."
Com tal alteração, entre
outros, levanta-se o seguinte questionamento: como a Justiça Trabalhista
passará a interpretar situações em que - por exemplo - o funcionário permaneça
com o celular fornecido pela empresa fora do expediente e/ou tenha acesso a
e-mail, por qualquer tipo de tecnologia as 24 horas do dia?
Possivelmente, esse exemplo,
hoje em dia uma situação comum em milhares de empresas, não seria suficiente – sem aprofundamento dos fatos - para
caracterizar a hora extra, já que a simples
troca de um telefonema ou e-mail entre empregado e empresa fora do
expediente sem a obrigatoriedade da resposta imediata não seria suficiente para
confirmar que o empregado estava “à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens”, conforme prevê o artigo 4º da CLT.
De outro lado, se houvesse a
caracterização de que o funcionário estaria executando ordens e estas
estivessem além da jornada de trabalho, aí sim estaríamos diante da sujeição às
horas extras. Assim é também no caso em que o empregado fique aguardando
ordens, situação em que configurar-se-ia o “sobreaviso”, conforme previsto no
artigo 244, parágrafo 2º da CLT, o qual estabelece:
“Considera-se de “sobreaviso” o empregado efetivo, que permanecer
em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para
o serviço.”
Destaque-se, por outro lado,
que o TST já se pronunciou em relação ao telefone celular na súmula nº 428,
concluindo que o uso do aparelho por parte do “empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso, uma vez
que o empregado não permanece em sua residência aguardando, a qualquer momento,
convocação para o serviço.”
Podemos inferir que quando o
empregado porta o celular, notebook, tablet, etc, mas tem a liberdade de
locomoção para assuntos pessoais ou lazer, não haveria o sobreaviso.
Parece-nos, pois, que ao
conceder um aparelho de comunicação para o funcionário, o risco não está na disponibilização da ferramenta para o trabalho em
si, mas na forma como ela será
utilizada.
Trabalho na empresa X trabalho em domicílio
Como princípio, o trabalho em
domicílio é equiparado ao trabalho prestado na empresa para todos os efeitos de
aplicação da legislação trabalhista. Bastará apenas a caracterização dos
pressupostos da relação de emprego (artº 3º da CLT), ou seja: pessoalidade,
continuidade, onerosidade e subordinação jurídica.
Outrossim, com a nova redação
do parágrafo único do artº 6º da CLT, também não podemos nos esquecer que “os
meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se
equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de
comando, controle e supervisão do trabalho alheio." (grifo
nosso).
Jornada de trabalho
Em relação à questão da
jornada de trabalho do trabalhador em domicílio, deve ser estabelecido da mesma
forma que é a do empregado da sede da empresa. Ocorre, porém, que muitas vezes,
o trabalhador à distância, para alcançar as metas propostas terá que trabalhar
mais horas semanais e é aí que poderão surgir problemas.
Tentando antecipar-se aos
prováveis futuros problemas jurídicos no que se refere ao pagamento de horas
extras, existe um projeto de lei no Congresso Nacional (nº 4.505/2008) visando
a regulamentação abrangente do trabalho à distância e um de seus artigos (6º,
parágrafo único), estabelece que “em
razão do caráter de controle de jornada aberta e, via de regra, de forma
virtual, aos empregados teletrabalhadores não será contemplado o direito às
horas extras, devendo a remuneração ajustar-se às horas normais de trabalho.”
Particularmente, acho que,
dificilmente esse dispositivo prevalecerá até a aprovação do projeto.
Em relação aos empregados que
ocupam cargos de confiança (diretores e gerentes), pela natureza das
atribuições e pelo regime de dedicação, compactuo com aqueles que entendem que
os mesmos não fazem jus ao recebimento
de qualquer retribuição pelo excesso de jornada de trabalho diária / semanal.
Considerações Finais
Todos esses comentários e
considerações objetivam apenas alertar os leitores sobre algumas das principais
questões sobre o tema e incentivar o aprofundamento das análises e discussões.
Diante de tudo que pudemos
observar, todos os fatores apresentados devem ser considerados pelas empresas
na celebração dos contratos de teletrabalho e/ou trabalho em domicílio,
devendo, as partes, sujeitarem-se à observância dos limites estabelecidos nas
leis trabalhistas e aos princípios que as norteiam, atentando para os padrões
éticos de conduta e na boa fé na elaboração, realização e rescisão dos citados
contratos.
Bom trabalho e até breve!
Autor: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
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