segunda-feira, 20 de maio de 2013

Zonas de conforto que destroem empresas!

Há cada novo dia colhemos e juntamos informações usando nossos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Assim, a cada momento muitas informações abastecem a mente e ajudam a construir nossos diálogos internos, ou seja, aquela conversação constante dentro do consciente e inconsciente. A realidade é que esses diálogos internos reforçam nossa auto imagem (maneira como nos enxergamos) mantendo-nos, geralmente, numa zona de conforto, reguladora de nossos comportamentos, os quais, por sua vez, acabam afetando ou influenciando o diálogo interno. O processo é continuamente re-alimentado.

Esquematicamente podemos apresentar:
    • DIÁLOGO INTERNO ----- reforça -----    
    • AUTO IMAGEM ----- mantém -----
    • ZONA DE CONFORTO ----- regula -----   
    • COMPORTAMENTO ----- afeta -----
    • DIÁLOGO INTERNO

... e assim, o ciclo se mantém constantemente ativo!

Você deve estar se perguntando: Mas o que isso tudo tem a ver com gestão empresarial?

Em primeiro lugar, sabemos que as empresas são constituídas por pessoas e o que apresentamos acima é uma realidade presente em todos os seres humanos. Em segundo lugar, ninguém poderá negar que toda organização também desenvolve seus diálogos internos através das crenças e valores que constroem sua cultura e conseqüentemente sua auto imagem refletida na forma como os agentes internos e externos a vêem. Por sua vez, essa auto imagem vai desenvolvendo e criando zonas de conforto que acabam fortalecendo um conjunto de comportamentos (atitudes, práticas, políticas, etc) organizacionais que re-alimentam e consolidam as crenças e valores.

Seja como for, não quero entrar no mérito de cada uma dessas questões, mas apenas tratar daquilo que podemos chamar de ZONAS DE CONFORTO de muitas organizações e, assim como acontece com os seres humanos, identificar e comentar algumas delas.

Podemos dizer que as ZONAS DE CONFORTO dentro de uma empresa são representadas por todas as circunstâncias que conduzem a manter tudo como está, sob a
alegação de que não é possível (ou não interessa) mudar pelas mais variadas razões.


  • Zona de conforto 1 : A ética é praticada... somente e quando interessa.

Geralmente o discurso interno é no sentido de incentivo às práticas éticas e todos os gestores fazem questão de alardear tal conduta junto aos seus funcionários, porém são comuns:

- Negociações realizadas com compradores (de clientes) de caráter e conduta duvidosa e mediante o pagamento de “comissão” para obter alguma vantagem.

- Prática de preços abusivos para determinados clientes que não se interessam em pesquisar o mercado ou porque confiam no vendedor.

- Pagamento de propina para obtenção de “facilidades” ou outros interesses da empresa.


  • Zona de conforto 2 : Tratamentos diferenciados com funcionários.

Sob a alegação de que os encargos sociais são muito elevados, a cada dia é maior o número de situações criadas com funcionários, tais como:

- Trabalhadores sem registro.

- Somente parte do salário é registrado e o restante é pago “por fora”.

- Contratação de funcionário condicionada a constituição de empresa (pessoa jurídica).

- Departamentos que operam com funcionários próprios e terceirizados.

- Privilégios concedidos somente para determinados funcionários ou funções.


  • Zona de conforto 3 : Sem a informalidade não sobrevivo!

As principais alegações são que “a carga tributária é muito alta” e/ou que “o cliente só compra sem a competente documentação fiscal ou somente parte do valor documentado”. Essa é uma prática muito comum em vários segmentos de negócios.


  • Zona de conforto 4 : Em nosso mercado o cliente só compra “preço”!

Quantas vezes você já escutou alguém dizer: “no meu mercado os clientes estão preocupados com preço e não exigem qualidade e assim, o nível e controle que temos em nossa fábrica está bem adequado. Além disso, nossos problemas com qualidade são muito pequenos! Esta é uma área que não precisamos nos preocupar!”


  • Zona de conforto 5 : Responsabilidade social demagógica

Muito embora várias organizações pelo mundo afora apresentem todas as características de empresas socialmente responsáveis há décadas, a verdade é que os temas “ética e responsabilidade social” ganharam corpo e importância nos anos noventa, a partir da crescente pressão exercida pela sociedade, pelos meios de comunicação, pelas ONG´s e pela Igreja (principalmente a Católica). Com isso, tornou-se cada vez mais crescente o número de empresas que sentiram a necessidade de passar uma imagem corporativa positiva e socialmente responsável.

Assim, nos dias de hoje, independente da concepção do negócio, do produto ou serviço oferecido e da qualidade das relações mantidas, a propaganda tornou-se o meio mais fácil de construir e oferecer ao mercado uma imagem saudável e positiva.


  • Zona de conforto 6 : Nossos níveis de desperdício são muito baixos !

Mesmo não mantendo quaisquer controles mais eficientes nos processos, muitos gestores estão convictos de que os níveis internos de desperdícios são adequados.


  • Zona de conforto 7 : Nossos produtos não precisam de atualização e sempre serão desejados pelo mercado!

Muitas empresas que tiveram a competência de desenvolver produtos que estão presentes no mercado há muitos anos geralmente acreditam (ou parecem acreditar) que os mesmos são “eternos”.


  • Zona de conforto 8 : Base de fornecedores - tradicionais - de matérias primas.

Empresas e negócios existentes há muitos anos geralmente possuem uma base de fornecedores tradicionais de matérias primas, onde as relações estão consolidadas e as práticas são inteiramente conhecidas.


  • Zona de conforto 9 : Tratamento especial somente para os melhores clientes.

Quantas são as empresas que constroem e/ou prosperam seus negócios numa base limitada de clientes e para eles dispensam tratamentos diferenciados e especiais.


  • Zona de conforto 10 : Sabemos o que o nosso cliente quer!

Quantas empresas acreditam que conhecem as necessidades dos clientes em razão da presença no mercado há muitos anos.


  • Zona de conforto 11 : Aqui as coisas sempre foram assim e é por isso que continuamos no mercado!

Diante de qualquer questionamento do por que não se muda determinada rotina ou procedimento interno, é mais comum do que se imagina ouvir como resposta algo parecido com a expressão acima.

É bem verdade que as zonas de conforto citadas não estão presentes em todas as empresas, bem como também é verdadeiro afirmar que existem inúmeras outras não mencionadas.

Ao destacar somente essas onze, queremos chamar a atenção do prezado leitor para o fato que todas as empresas, independentemente do porte, do mercado de atuação, de sua cultura, de seus valores e de sua condição econômica e financeira apresentam zonas de conforto que foram criadas ao longo do tempo.

Se elas existem (e acredite, na sua empresa também existe!), é preciso insurgir-se contra elas ou ao menos tentar identificá-las e avaliar, com firmeza e consistência, até que ponto podem estar beneficiando ou influenciando no presente e como poderão ajudar ou prejudicar e comprometer o futuro da organização.

Lembre-se que no ser humano, as zonas de conforto servem como proteção ou justificativa para manter determinada situação, mas podem conduzir o indivíduo à acomodação, desinteresse, falta de iniciativa e perspectiva, bem como a um sentimento de inferioridade e descrédito em si mesmo, colaborando fortemente para a destruição da auto estima.

Nas organizações, os perigos das zonas de conforto estão relacionados com:

  • a manutenção do “status quo”;

  • o desenvolvimento de atitudes e condutas que privilegiam situações incapazes de se sustentar no longo prazo;

  • a construção de valores distorcidos e práticas éticas “flexíveis” que geram desconfiança e descrédito nos funcionários, na comunidade e demais partes externas relacionadas (clientes, fornecedores, instituições, fisco, etc);

  • a fragilização dos controles;

  • a acomodação e aceitação de pequenos erros e perdas não significativas;

  • as falsas aparências para acobertar deficiências;

  • as metas pouco desafiadoras;

  • a aceitação de níveis razoáveis de eficiência e produtividade; e

  • complacência com resultados medíocres e/ou negativos.

A partir de agora, convido-o a estar mais atento não apenas às suas zonas de conforto, mas também às de sua empresa. Não aceite e insurja-se contra elas, pois caso contrário as perspectivas de futuro não serão nada animadoras.

Que você tenha muito sucesso nessa empreitada!

Autor: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Lider: um "SER" cada vez mais raro!

Certamente você caro(a) leitor(a) já ouviu e leu muita coisa sobre liderança e tenho certeza de que se juntarmos dez profissionais considerados líderes dentro das organizações, encontraremos atitudes, posturas e condutas muito diferentes. Se assim é, será que as pessoas não estão mais conseguindo distinguir um verdadeiro LIDER de um executivo, gerente ou chefe revestido de um cargo ou função hierarquicamente superior? Ou será que não existe um padrão pré-definido capaz de caracterizar o verdadeiro LIDER?

Para quantos chefes você já esteve subordinado? Se você tem alguns anos de carreira, provavelmente muitos! Quantos desses superiores você afirmaria - com convicção - que eram (ou são) líderes? Um? Dois? Ou nenhum, possivelmente?

Se você conseguiu lembrar-se de pelo menos um, quais eram as características desse LIDER? O que o destacava? Quais eram seus valores? Por que você considerava-o um LIDER? Se já faz muito tempo que você conviveu com essa pessoa, nos dias atuais você ainda o consideraria um LIDER?

Na realidade, são muitas indagações, porém poucas conclusões!

Tudo isso ocorre porque a liderança também está condicionada, entre outras coisas, à percepção das pessoas, cultura da empresa, ambiente e momento da vida de cada um.

Acho que como eu, você deve estar cansado de ler e ouvir “receitas prontas” do tipo: Como ser um lider? As competências para tornar você um verdadeiro lider. Desvendando os mistérios da liderança. Haja paciência!

Assim sendo, não vou tergiversar sobre o tema, nem tampouco alardear uma visão distorcida da realidade, pelo contrário. Todavia, por entender que para ser um verdadeiro LIDER é necessário muito mais que virtudes e competências acadêmicas, vou tentar sintetizar, em quatro áreas que afetam o cotidiano de todo profissional, aspectos e características que podem ajudar (mas não garante) a, pelo menos, torná-lo mais respeitado e com melhores perspectivas para comandar equipes e obter melhores resultados:

1ª área: RELACIONAMENTOS

  • Sociabilidade
 
    • Desenvolva relacionamentos baseados na confiança e cooperação, buscando uma convivência positiva com as pessoas que apresentam posturas e condutas antagônicas.

    • Desenvolva habilidades na comunicação verbal e escrita, mantendo sempre posturas positiva, pró-ativa e participativa e sendo flexível, porém firme.

  • Níveis de introversão e extroversão

    • Desenvolva a capacidade de equilibrar a atenção e os interesses para dentro ou para fora de seu “eu”, de acordo com as circunstâncias.

    • Procure compreender quando a introversão e extroversão são positivas e quando são negativas.

  • Necessidade de ser aceito

    • Aprenda a conquistar, com naturalidade, o respeito das pessoas.
 
    • Saiba que uma conquista, por imposição ou cargo, leva ao descrédito.

  • Ceticismo
 
    • Aprenda a transformar o ceticismo (estado de quem duvida de tudo) em questionamento positivo.

2ª área: RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E TOMADA DE DECISÃO

  • Raciocínio

    • Busque o equilíbrio entre o racional e o emocional e desenvolva a reflexão.

    • Saiba construir argumentos convincentes e tenha bom juízo de valor.

  • Criatividade

    • Crie, inove e comunique-se eficazmente, dando asas à imaginação com responsabilidade e desenvolvendo o pensamento criativo.

  • Flexibilidade

    • Seja maleável e flexível com responsabilidade, adaptando-se rapidamente às circunstâncias.

    • Esforce-se para desenvolver várias habilidades.

  • Minuciosidade
 
    • Aprenda a não se prender nos detalhes, descubra quem deve ser minucioso e quando é positivo e quando é negativo ser detalhista.

3ª área: LIDERANÇA

  • Assertividade

    • Desenvolva a capacidade de ser afirmativo e positivo, sabendo o que quer e onde quer chegar, com auto confiança (sem ser pedante), comunicando-se com eficácia, atraindo e desenvolvendo pessoas talentosas e buscando sempre a superação das metas estabelecidas.

  • Agressividade
 
    • Saiba enfrentar e superar desafios, controlando os medos e inseguranças pessoais, assumindo riscos com ousadia e determinação.

  • Empatia

    • Aprenda a colocar-se na situação ou lugar do outro, procurando ouvir mais, entender e ajudar o outro a entender também, equilibrando sempre a emoção e a razão.

  • Força do Ego

    • Acredite em si mesmo e confie mais nos outros, sendo um exemplo com suas atitudes, para a atração e desenvolvimento de talentos.

  • Comprometimento

    • Esteja comprometido com uma causa (visão, missão, valores e estratégias), com a superação dos resultados e com o auto-desenvolvimento e desenvolvimento dos outros.

  • Exposição a riscos

    • Saiba avaliar a dimensão, expondo-se ou correndo riscos com responsabilidade (expor-se ou não? quando? por que? ), sem precisar ser herói.

  • Senso de urgência
 
    • Desenvolva a habilidade de trabalhar sob pressão e exercer pressão com sabedoria, sabendo antecipar-se e buscando resultados admiráveis.

  • Cautela

    • Saiba encontrar o equilíbrio entre a agressividade e a cautela, não correndo riscos desnecessários e tendo a consciência de que a precaução demasiada pode ser perniciosa.

4ª área: ORGANIZAÇÃO PESSOAL

  • Gestão do Tempo
 
    • Saiba administrar o tempo disponível para alcançar e superar metas, equilibrando a vida pessoal e profissional e sendo exemplo para os demais.

Pois é meu amigo e minha amiga, mesmo conseguindo aplicar consistentemente as recomendações anteriores, talvez não seja suficiente para torná-lo(a) um(a) LIDER ou conduzi-lo(a) à um alto cargo. Lembre-se que os verdadeiros líderes não necessitam do destaque individual e nem precisam de altos cargos ou posições dentro das organizações. Entretanto, acredito que quanto mais você conseguir aplicar as recomendações, mais será respeitado(a), admirado(a) e reconhecido(a) !

Em nossos dias, está cada vez mais raro encontrar grandes líderes. Na realidade, nós os encontramos muitas vezes perto de nós, dentro de nossa família, em nossa comunidade, nosso bairro, na igreja, naquele movimento social que você participa, na escola, etc. Na maioria das vezes tais pessoas não possuem muita escolaridade formal, não falam além do idioma do país em que nasceram, nem sempre se destacam em seus trabalhos, porém são admiradas, respeitadas e tidas como exemplo.

Na essência, o que vale a pena é viver a vida como um SER HUMANO especial, buscando sempre o crescimento e o bem estar do próximo.


Autor: Carlos Alberto Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas