segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O grande desafio: o Ser "versus" o Profissional!

Penso que quando Abraham Maslow (1908 -1970) desenvolveu a teoria da hierarquia das necessidades humanas (1954), apresentando-as no formato de uma pirâmide, possivelmente não imaginava que ela tornar-se-ia tão famosa junto aos profissionais de recursos humanos apenas algumas décadas depois.

Apenas para relembrar, Maslow desenvolveu a teoria de que o ser humano busca, ao longo da vida, atender suas necessidades primárias (fisiológicas, segurança e sociais) e após as secundárias (estima e auto-realização).  Algum tempo depois, Maslow acrescentou mais dois níveis: acima da “estima”, a necessidade do “saber e conhecer”, onde o individuo busca o sentido das coisas e, finalmente, após a “auto-realização”, a necessidade “transcendente” onde a pessoa busca ajudar a outra a se desenvolver e realizar o seu potencial.

Quando trato deste assunto, lembro-me sempre de uma palestra de Robert Wong (então executivo da Korn/Ferry International), na qual ele traçava uma co-relação das cinco primeiras necessidades de Maslow com a realização no trabalho: emprego, profissão, carreira, vocação e missão e destacava a necessidade do equilíbrio entre:  ALMA – MENTE – CORPO para o sucesso pessoal e profissional.

Nas linhas seguintes, vou tentar compartilhar com o(a) prezado(a) leitor(a), alguns flashes dos ensinamentos de R.Wong mesclado com minhas pitadas intrometidas  sobre o grande desafio que representa a busca do equilíbrio entre o SER  e  o PROFISSIONAL.

A realidade é que, nos dias atuais, o primeiro emprego dificilmente guarda relação com a profissão do indivíduo. Poucos são os profissionais que conseguem construir suas carreiras através de suas formações acadêmicas e a partir do primeiro emprego. É com o passar do tempo e após muitas observações, fatos e experiências, que o jovem define-se profissionalmente e a partir daí começa a construir sua carreira, a qual terá maiores chances de sucesso quanto maior for a certeza de que suas escolhas coincidem com as principais características de sua vocação.

Diante dos inúmeros desafios que a vida moderna impõe ao homem, exigindo cada vez mais conhecimentos, habilidades e competências para que ele possa destacar-se no mundo empresarial é sempre bom  lembrar que o EQUILÍBRIO fundamenta-se no tripé: saúde, tempo e esperança.

Sem saúde, a esperança desvanece e o tempo torna-se um companheiro indesejável. De outro lado, se a saúde é bem cuidada, mas não sabemos lidar e administrar com sabedoria as 24 horas do dia, a esperança será como a fumaça de uma fogueira qualquer: dissipar-se-á ao primeiro golpe de vento.  Porém, se não soubermos regar de esperança a nossa jornada, a saúde nos abandonará e o tempo será o principal espectador de nosso fracasso.

Outrossim, não podemos nos esquecer que o DESEQUILÍBRIO tem suas bases construídas no medo, na raiva e na culpa.

Enquanto o medo nos amedronta e nos impede de seguir em frente, de buscar os nossos sonhos, nossas metas e objetivos, a raiva nos impede de enxergar o outro lado da moeda, de interpretar os fatos com maior lucidez, de distinguir o verdadeiro sentido da atitude de um semelhante, além de bloquear a parte mais criativa de nossa mente. Porém, mesmo vencido o medo e bloqueada toda  forma de sentimento raivoso, de nada adiantará se a semente da culpa estiver plantada em nossa mente e nosso coração, pois ela impedirá que vivamos a vida em plenitude.

Se o sucesso pessoal depende em grande parte da auto-confiança, também é necessário ter foco e muita persistência.  Paralelamente, dificilmente o SER terá sucesso pessoal se não for um vitorioso na vida profissional e, para que isso ocorra é necessário muito trabalho, competência e atitude. Prefiro não falar em sorte, porque no âmbito profissional, sorte é a combinação da oportunidade com a competência.

Continuando a trilhar os caminhos da vida pessoal, para a grande maioria surgem os filhos requerendo amor, educação e saúde. Mas a jornada continua no trabalho e o PROFISSIONAL precisa estar atento à organização que ele escolheu (ou foi escolhido!?!?), ter plena ciência de suas atribuições e responsabilidades impostas por seu cargo ou posição e não pode, jamais, deixar de estar atento à sua remuneração / plano de compensação.

O tempo passa e a necessidade de crescer e desenvolver-se impõe ao PROFISSIONAL um olhar aguçado sobre as oportunidades de promoção, as quais dependerão da abertura de uma vaga ou de um novo cargo criado, qualificações exigidas e num futuro, a preparação de um plano de sucessão.  Com a maturidade profissional, o SER precisa saber reconhecer a necessidade de ampliar cada vez mais seus conhecimentos e quando ele consegue a auto-realização como SER, tem claramente definida sua missão no auge de sua vida PROFISSIONAL, os mais sábios descobrem que a jornada não termina ali, mas que a partir desse ponto inicia-se uma nova, ainda mais valiosa, grandiosa e bela, que transcende o PROFISSIONAL e enaltece o SER: ajudar o próximo a se desenvolver, crescer e tornar-se um vitorioso como SER HUMANO e PROFISSIONAL!

Transforme o seu desafio numa jornada prazerosa: seja um SER humano digno e um PROFISSIONAL admirado pelo seu caráter e atitudes para que quando atingir a transcendência possa desfrutar de uma das fases mais belas da história de sua vida!

Autor: Carlos A. Zaffani  -  Consultor em Gestão de Empresas

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Endomarketing: Mas o que isso tem a ver com as empresas?


Você sabe qual o significado do prefixo “ENDO”?

Se você não sabe responder, não se preocupe porque eu e a maioria das pessoas também não saberíamos, a menos que tivéssemos atentado que ela está presente em várias palavras ligadas à área médica, como por exemplo: endoscopia, endocrinologia, endometriose, endoderme e endocardio.

Para você caro leitor, profissional ligado às áreas contábil, fiscal, RH, administrativa e/ou financeira deve estar se perguntando o que esse “cara” está pretendendo com tal indagação?

Na realidade, meu objetivo é justamente provocá-lo e introduzi-lo ao tema deste artigo, fazendo-o compreender que o prefixo “ENDO” significa “dentro” ou “interno”. Assim quando você estiver diante de qualquer palavra precedida desse prefixo saberá que refere-se a algo “interno” ou “por dentro”.

De outro lado, mesmo não sendo um profissional da área, acho que todos sabem que o “MARKETING” refere-se ao conjunto de técnicas e métodos destinados à venda, comunicação e desenvolvimento de uma marca e/ou negócio.

Portanto, juntando “endo” + “marketing”, formamos a palavra “endomarketing”, um termo criado no Brasil por Saul Fangaus Bekin em 1990 (registrado como uma marca no INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial em 1995) para referir-se aos fundamentos ou técnicas do “marketing voltado para dentro das empresas”. Aliás, essa é a definição básica dada por muitos especialistas!

Enquanto o marketing tradicional foca o cliente/público externo, o endomarketing direciona seu foco ao público interno (os empregados), objetivando a construção de um relacionamento baseado na lealdade e na confiança.

Podemos então definir o endomarketing como sendo o conjunto de processos, projetos e/ou veículos de comunicação interna, desenvolvidos para os funcionários (público interno) com o objetivo de incentivar e manter um alto grau no relacionamento, de forma a contribuir continuamente na qualidade de seus produtos e serviços. Em outras palavras e conforme Philip Kotler, “o endomarketing é um triângulo estratégico que une empresa, empregado e cliente, o que facilita o entendimento sobre a existência de uma relação de troca”.

Daqui pra frente – e de acordo com minha visão sobre o tema - tentarei sintetizar porque o endomarketing é tão importante para as empresas:

 
Uma ferramenta para a gestão de pessoas

Em geral, as grandes organizações estão mais atentas à importância do endomarketing, pois reconhecem que trata-se de uma das melhores ferramentas para a atração e retenção de talentos e, por consequência, também conseguem atrair e reter clientes externos. Sabem que funcionários descontentes podem representar a “contrapropaganda” que poderá gerar perdas ou prejuízos enormes quando a insatisfação é levada para fora dos muros da organização.

De outro lado, também sabem que um funcionário satisfeito é um “multiplicador” de boas notícias e informações sobre a empresa, representando uma forma indireta e sadia de venda da imagem corporativa para o cliente externo.

Quantos de nós já ouvimos boas informações a respeito de uma companhia e passamos a admirá-la e sentimo-nos satisfeitos em ser seu cliente? Todavia, também não é incomum  tomarmos conhecimento sobre a mudança de algumas práticas e/ou políticas internas e não mais a temos em bom conceito e deixamos de ser seu cliente?

 
Uma boa comunicação 

Embora muitas pessoas confundam o endomarketing com comunicação interna, na realidade esta é apenas uma das ferramentas mais utilizadas, auxiliando a tornar mais transparente, para os funcionários em geral, os valores e objetivos da empresa, integrando as noções de cliente nos processos e contribuindo para a melhoria dos produtos e serviços.

É através da boa comunicação que busca-se a integração de toda a organização. Muitos entendem que a comunicação é a alma do endomarketing porque através dela é possível democratizar a informação internamente, permitindo com que os funcionários (cliente interno) conheçam e participem mais da gestão, dos produtos, das metas e objetivos da empresa, motivando-os e fazendo-os sentirem-se mais importantes por serem parte do processo.

 
Desenvolvendo programas e projetos de endomarketing

Em primeiro lugar é preciso ter conhecimento da empresa, dispor de informações relevantes, assumir o compromisso e contar com o apoio da alta administração/diretoria.

A partir daí, definem-se os alvos a serem trabalhados, os quais podem ser na seguinte sequência:

·         Alta administração (sócios / diretoria)

·         Média administração (gerência / supervisão)

·         Funcionários em contato direto com clientes

·         Funcionários de apoio e suporte

·         Demais funcionários

 
Planejamento

Para realizar um bom planejamento de endomarketing é recomendável ouvir os funcionários, levantando percepções e sentimentos ou, alternativamente, realizar uma pesquisa de clima organizacional.

Seja de uma forma ou de outra, o importante é conhecer as percepções relacionadas com: grau de motivação individual, imagem interna e externa da empresa, políticas e práticas de recursos humanos, qualidade dos produtos e serviços e comunicação.

 
A importância da integração

Ao destacarmos a importância da integração em qualquer organização queremos nos referir a:

·         Trabalho em grupo desde o momento da admissão de um funcionário;

·         Conscientização de todos na busca de objetivos comuns;

·         Eventos e reuniões que propiciem e incentivem o contato entre as pessoas;

·         A importância do papel das lideranças em saber lidar com a informação, pois tê-la e/ou retê-la não significa poder, mas sim ter sabedoria no que deve ser repassado e como transmiti-la e assim obter os melhores resultados. Nesse sentido, os especialistas em comunicação nos lembram que:

o   somente 8% está naquilo (conteúdo) que a pessoa transmite;

o   38% está na forma utilizada (canais); e

o   54% concentra-se no comportamento de quem transmite (o exemplo).

 
O papel fundamental das lideranças

Dificilmente um programa ou projeto de endomarketing será bem sucedido se as lideranças não compreenderem a importância de seu papel pois são elas as responsáveis pela compreensão, prática e divulgação dos valores presentes na cultura das empresas. Os projetos, em si, são apenas responsáveis pela disseminação de uma linguagem cultural homogênea em toda a organização, abrangendo todos os funcionários, independentemente do nível hierárquico.

Dentre os tantos papéis relevantes das atribuições dos líderes não podemos deixar de destacar:

·         Saber incentivar o diálogo e a participação dos funcionários nos processos de planejamento e decisões;

·         Criar ambientes que incentivem todos a assumir responsabilidades e tomar decisões;

·         Incentivar o treinamento para a ampliação das competências individuais;

·         Facilitar a comunicação entre líderes e subordinados;

·         Compartilhar os objetivos de curto, médio e longo prazos;

·         Saber aproveitar a energia criativa dos funcionários para resolução de problemas;

·         Saber valorizar e elogiar as iniciativas dos empregados focados nos objetivos da organização;

·         Desenvolver a geração de sentimento de orgulho pelo trabalho realizado e pela empresa;

·         Fazer com que a informação seja encaminhada pelos canais competentes e recebida positivamente em todos os níveis da pirâmide, gerando credibilidade e respeito.

Nota: É importante destacar que uma das principais dificuldades que as empresas enfrentam é em relação à forma como as lideranças intermediárias fazem a comunicação, gerando reações e expectativas diferentes por parte dos funcionários dos vários departamentos. Em síntese: não há uniformidade!

 
Conclusão

Pelo exposto podemos concluir o quão importante é o endomarketing, porém devemos ter em mente que não existe uma receita padrão para definição de uma estratégia ou programa e o que pode funcionar muito bem para uma organização pode não sê-lo para outra (mesmo que de um mesmo segmento de negócio). Por isso, concordo com o criador do termo (Saul F. Bekin) que “o endomarketing tem que ser algo autêntico na empresa, não pode ser imitado”.

E você, caro leitor, como anda o endomarketing dentro de sua empresa?

Bom trabalho e até breve!
 
 
Autor: Carlos Alberto Zaffani - Consultor em gestão de empresas