Tenho certeza de que a maioria
dos leitores e muitos especialistas irão discordar e, com maior ou menor
abrangência, dirão que para manter os empregados motivados, basta oferecer uma
combinação de: ambiente agradável, ótima remuneração, programas motivacionais e
trabalho em equipe.
Será que isso é suficiente?
Acredito que não, pois se fosse, provavelmente
não existiriam empregados desmotivados ou insatisfeitos nas melhores empresas
para se trabalhar (fato que pode ser facilmente confirmado em qualquer pesquisa
de clima) e, no sentido contrário, empregados motivados e satisfeitos trabalhando
em ambientes ruins, sendo mal remunerados e sem nunca terem recebido qualquer
tipo de treinamento e/ou participado de um programa motivacional.
Outrossim e apenas para reforçar essas considerações preliminares, há algum tempo (mas acho que continuam válidos), a Towers Watson divulgou os resultados de um estudo da força de trabalho global (Global Workforce Study – GWS). Através do link: http://www.towerswatson.com/brazil/press/7579 e também divulgado em notícia: http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/notas121/1107201211.htm, alguns dados chamam a atenção:
·
Apenas 28% dos profissionais brasileiros
sentem-se altamente engajados no trabalho; e
·
Do restante, 30% sentem-se desengajados, 26% sem
suporte das empresas e 16% desvinculados de suas companhias.
Nota: O estudo foi baseado no conceito de “engajamento sustentável” o qual
compreende:
·
engajamento
(vínculo à empresa e vontade de dar o melhor de si);
·
suporte
organizacional (que proporcione produtividade e alto desempenho); e
·
bem-estar
(físico, emocional e interpessoal).
Adicionalmente, de acordo com o estudo, para os
profissionais brasileiros, os três principais pontos de motivação para criar
laços com a empresa são: desenvolvimento
de carreira, imagem da empresa e metas e objetivos claros.
Esses resultados parecem evidenciar que se a
empresa tiver uma ótima imagem, um bom programa de desenvolvimento de carreira
e as metas e objetivos forem claros, todos os funcionários sentir-se-ão
motivados e comprometidos. Será?
Mais uma vez, apesar de concordar que esses três
fatores são essenciais para a criação e sedimentação de vínculos duradouros nas
relações entre a empresa e seus funcionários, sinceramente não acredito que
seja suficiente para manter seus profissionais motivados durante todo o tempo
em que estão dedicados ao desempenho de suas atribuições e responsabilidades.
E por que acho isso?
- Simplesmente porque o ser humano, com
raríssimas exceções, não consegue manter-se motivado todo tempo!
Inúmeros fatores do cotidiano interferem - entre
outros - no estado físico, no emocional, no âmbito familiar e/ou afetivo de
todas as pessoas e a interferência no grau de motivação de cada um é mera
consequência. Isso é lógico, mas essa lógica parece não existir no mundo
corporativo, pois todos querem encontrar uma resposta objetiva para manter os
empregados motivados e essa objetividade não existe!
Não existe uma fórmula ou “pílula” capaz de gerar
motivação simplesmente pelo desejo de querer que isso ocorra, assim como é
improvável assegurar a motivação de todos os funcionários, mesmo com as
melhores práticas de relações humanas, até porque não existe um “manual de
instruções” com todas as regras preestabelecidas para alcançar tal resultado.
Então, diante de um contexto em que não
encontramos uma “receita” abrangente e inteiramente convincente para manter os
empregados motivados o que podemos fazer?
Particularmente, entendo que o melhor caminho
para as empresas alcançarem os melhores níveis de motivação com seus funcionários
está na combinação dos três fatores acima destacados: desenvolvimento de carreira, imagem da empresa e metas e objetivos
claros, porém junto com o fortalecimento da compreensão individual sobre a
importância da AUTOMOTIVAÇÃO.
Vivemos dentro de contextos extremamente
conturbados, no qual observamos fatos ou
circunstâncias que influenciam negativamente
a vida das pessoas, tais como: a violência
(especialmente para quem vive nas grandes cidades), o materialismo (no contexto de uma sociedade consumista, a posse de
bens representa, para muitos, o poder), o desemprego
(a falta de emprego é uma das principais causas do aumento da violência e
leva para dentro das famílias, o medo e a falta de perspectiva em relação ao
futuro), o consumismo (jamais na história da humanidade, as pessoas
sentiram tanto a necessidade de “comprar”
e “consumir” - até como forma de conquistar ou manter o
status social), o individualismo /
egoísmo (a massificação do consumismo e materialismo conduz o ser humano
para uma postura mais individualista), a competição
(pelas melhores escolas, empregos, notoriedade, sucesso, etc) e as desigualdades sociais (riqueza concentrada nas mãos de poucos).
Como decorrência, observamos –
dentro e fora das organizações - pessoas frustradas e/ou desmotivadas, muitas
vezes com medo do desconhecido, do amanhã, do futuro, com pensamentos confusos,
sentindo-se solitárias, sem fé, sem esperança e, muitas vezes, infelizes. A
maioria das pessoas vive e enxerga o mundo, não percebendo que as melhores
oportunidades estão no presente e no futuro e não no passado e, com isso,
desperdiçam o que é realmente importante para a vida, criando mil e uma
desculpas do tipo: Ah, se eu soubesse! Ah, se eu tivesse! Ah, se eu pudesse!
Ah, se eu fosse! Ah, se eu conseguisse!
Por tudo isso, entendo que as empresas também precisam
compreender que é fundamental o investimento no ensinamento de seus funcionários
de que é possível manterem-se automotivados independentemente das
circunstâncias, problemas e dificuldades do dia-a-dia.
Como experiência pessoal, escrevi um artigo a
respeito há alguns anos e, embora possa não ser uma receita completa, acho que
pode representar um início para que cada pessoa reflita e encontre o caminho de
sua automotivação, pois observo que a maioria dessas dez características
(posturas de vida) está presente nas pessoas vencedoras, que sabem viver a vida
com alegria e adquiriram a compreensão de que a motivação começa a ser
construída dentro de si mesmas:
1. Decisão e Coragem - Transformação
requer a decisão pessoal em querer
mudar e coragem para viver e
enfrentar os problemas e circunstâncias do dia-a-dia com nova atitude.
2. Determinação - Jamais desanimar diante da primeira
dificuldade ou derrota. Lembre-se que vitórias e derrotas fazem parte da vida
de todo ser humano. Faça uma retrospectiva de sua vida e certamente constatará
que muitas coisas poderiam ter sido diferentes se você tivesse tido mais
determinação.
3. Dedicação - Empenhe-se obstinadamente nos seus objetivos
e metas. A dedicação requer, em muitas ocasiões, grandes sacrifícios, porém
para alcançar os melhores resultados, ela tem que estar presente.
4. Disciplina - É a capacidade de seguir um esquema, um
método, uma regra pré-definida, lembrando-se de que disciplina não é rigidez. Ao
seguir um esquema ou método, você estará evitando o desperdício de tempo, de
energia e muitas vezes de dinheiro!
5. Persistência - É preciso ter convicção do que você quer e
onde quer chegar, lembrando-se que uma grande conquista quase sempre requer
muita persistência. O melhor resultado pode estar com aquele que for mais
persistente!
6. Bom humor - É a melhor forma de reduzir a distância
na comunicação entre as pessoas. Muito embora a sociedade pressione as pessoas
para serem sérias, lembre-se que o excesso de seriedade pode limitar a
criatividade.
7. Entusiasmo - É preciso colocar entusiasmo em tudo o que você
fizer. Ao expressar entusiasmo em sua vida estará exteriorizando uma força capaz
de energizar pessoas e ambientes.
8. Solidariedade - É uma manifestação de amor pelo ser humano.
Estou certo de que ela nos aproxima ainda mais de Deus, pois nos ajuda a ter
uma melhor compreensão do real sentido da vida. A solidariedade só é válida
quanto é feita com o coração, sem esperar nada em troca.
9. Fé -
Parafraseando uma citação bíblica, “fé é acreditar nas coisas que se
espera e a prova das coisas que não se veem”. Creio firmemente que quem tem fé
não teme o desconhecido nem o futuro, sabe que as dificuldades e incertezas que
a vida apresenta propiciam o crescimento interior e certamente trata com
serenidade e sabedoria os fatos e circunstâncias do cotidiano.
A fé ajuda a edificar a firmeza
de caráter das pessoas e fortalece a
certeza da perspectiva de
construção de um
mundo melhor.
10. Metas e objetivos
- É preciso estabelecer metas e
objetivos para a vida ter mais sentido e significado, não deixando-a parecer um
barco sem velas que não sabe onde vai parar.
Não importa a idade que você tem, crie objetivos em todos os planos de
sua vida: afetivo, familiar, profissional, perante a sociedade ou comunidade em
que vive e, principalmente, no plano espiritual.
Considerações
finais
Para finalizar, gostaria de chamar a atenção do
prezado leitor para refletir e não esperar que sua motivação seja gerada pela
empresa, mas sim que você é o principal responsável por ela e, principalmente,
que os melhores momentos de sua vida serão vividos de maneira muito mais
agradável quanto maior for o seu grau de automotivação.
Esteja certo de que estarei na torcida!
Até breve e bom trabalho!
Autor: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de empresas