1 – Muitas pessoas acham que os anos passam rápido demais.
Isso é verdade ou somos nós que decidimos o ritmo de nossas vidas?
R: Inicialmente, a sensação do tempo passando
rápido demais é uma realidade cada vez mais presente em nossos dias - especialmente para quem vive nas grandes
cidades - porque estamos expostos a inúmeros “agentes” (trabalho, estudo, trânsito,
insegurança, meios de comunicação, Internet, etc) que atuam como aceleradores
de nossa vida. De outro lado, cada um de nós pode dosar tal “aceleração”
através de atitudes, posturas e comportamentos que exigem disciplina,
persistência, serenidade e muita dedicação pessoal.
2 – Se colocarmos o pé no acelerador, não corremos o risco
de deixar passar coisas importantes? E se pisamos no freio não podemos levar a
vida em marcha lenta, o que pode ser fatal para a carreira?
R: Assim como na direção de um veículo possante,
se acelerarmos demasiadamente, poderemos até chegar mais rápido no destino,
porém correremos o sério risco de provocarmos um acidente e demorarmos muito
mais para chegar onde desejamos. Por isso, sou partidário do equilíbrio na
dosagem com que programamos a nossa jornada de vida profissional, ora
acelerando na busca dos objetivos de curto prazo e ora mais lentamente, na
consecução de nossas metas de longo prazo.
Atualmente,
percebo nos jovens, uma necessidade muito forte de crescimento rápido, porém,
quase sempre, sem a devida consistência na formação e experiência, o que tem
contribuído para muita decepção, tanto para o profissional quanto para as
organizações.
3 - Quais são os ciclos da vida profissional? Eles realmente têm a ver com a idade? Qual é a relação que se pode fazer? Como o profissional pode administrar os ciclos?
R: Podemos sintetizar os ciclos da vida
profissional em quatro momentos, ou seja:
·
aqueles que estão iniciando a carreira;
·
aqueles que estão no meio da carreira, porém com
falta de perspectivas de crescimento;
·
aqueles que estão no meio de uma carreira
ascensional; e
·
aqueles que estão na fase final de suas carreiras
Entendo que não existe uma
regra estabelecida em relação à idade, porém da mesma forma que um profissional
muito jovem dificilmente chega a um cargo de direção com pouca experiência, um
outro com uma certa idade e muitos anos numa mesma posição hierárquica em nível
de assistente ou encarregado, alcançará uma posição executiva.
Cada profissional precisa
fazer sua autoavaliação sobre o seu momento, onde se encontra e a partir daí,
direcionar os passos subsequentes para encerramento ou não de um ciclo.
R: Eu
diria que , essencialmente, o profissional precisa refletir e responder uma
pergunta básica: estou feliz e realizado na minha vida profissional? Se for
negativa, faz-se necessário encontrar respostas conclusivas (isso pode ser
feito com a aplicação dos “por quês?” até que não exista mais nenhum) e então
estabelecer os passos e/ou ações seguintes.
Se a
resposta à pergunta básica for positiva, reavalie se seus objetivos continuam
claros e continue a jornada.
Todos nós tomamos decisões
em vários momentos de nosso dia-a-dia e não nos apercebemos disso. Todavia, no
campo profissional, é comum deixar para amanhã, depois ou nunca e, isso é um
dos maiores erros que podemos cometer. Quantos profissionais, por medo ou
acomodação, passam a vida infelizes, simplesmente
porque foram incapazes de tomar decisões que envolviam algum risco. Nesse ponto
lembro que o risco é parte integrante da trajetória de todo profissional que
quer crescer!
Acredito que as pessoas que
conseguem desenvolver uma boa gestão de carreira e dos ciclos da vida
profissional se fortalecem e “acumulam energia” que as ajudam a resolver os
problemas e superar as barreiras e dificuldades com naturalidade. Apesar de
concordar que ser resiliente é uma questão de atitude, tenho certeza que, gerir
competentemente a carreira e os ciclos da vida profissional, encerrando-os no
tempo certo ou quando as circunstâncias impuserem, irá ajudá-lo a fortalecer
seu grau de resiliência.
7 – O que você recomendaria para: os jovens em início de
carreira; para aqueles que estão no meio de uma carreira ascensional; para os
que estão na fase final de carreira?
R: Para aqueles que estão em inicio de
carreira, recomendo um “planejamento de ciclos”: a estruturação de como se pretende
construir a carreira ao longo dos anos. Para tanto, é preciso projetar e
estabelecer metas (com prazos) até onde se quer chegar e os meios necessários.
Recomendo que jamais se esqueça de que o medo pode ser um dos maiores
obstáculos para o encerramento de um ciclo.
Para os que estão no meio da
carreira, mas estagnados, minha recomendação é fazer uma “revisão dos ciclos” e
planejar os “novos” necessários para uma retomada do desenvolvimento
profissional. Para estes lembro que, além do medo, a acomodação pode ser o
principal adversário de seu progresso.
Para os que estão crescendo
na carreira, recomendo fazer uma “reflexão dos ciclos passados” e a forma como
cada um deles foi concluído, extrair os melhores ensinamentos e projetar os
“novos”, ainda com maior consistência. Mas, cuidado! Com uma carreira vitoriosa
até aqui, certamente o medo não marcou presença em sua trajetória, porém não se
esqueça que, se de um lado a confiança é uma das principais qualidades dos
profissionais vitoriosos, o seu excesso poderá criar uma “cortina” que impedirá
a visão realista dos ciclos atuais e futuros de seu desenvolvimento.
Para aquele que está em
final de carreira, independentemente se foi um
profissional de grandes conquistas ou não, lembre-se, em primeiro lugar,
que o encerramento de uma carreira deve representar apenas o final de um dos
ciclos da vida e assim como o nascer do sol anuncia um novo dia, a perspectiva
do final da carreira deve ser o incentivo para a formulação de um (ou vários)
ciclo que contemple aspectos que possam trazer bem estar, prazer, realização e
crescimento interior.
Para quem se encontra nesse estágio da vida profissional, é essencial a formulação de ciclos que privilegiem a família, a sociedade (representada pelos seres humanos mais carentes), a saúde e a espiritualidade.
Bom trabalho e até breve!
Entrevistado: Carlos A. Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas
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