quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

FELIZ NATAL E O ANO DE 2022 VITORIOSO PRA TODOS

Caros Amigos e respectivas famílias,

Sabemos que dificuldades e momentos de tensão e apreensão fazem parte da história da humanidade. Todavia, este ano de 2021 continuou sendo marcado por acontecimentos de grande repercussão mundial, os quais atingiram - em maior ou menor grau - a vida de todas as pessoas. Em nosso país, mesmo com a vacinação, continuamos vivendo as consequências da Pandemia da Covid, o número de pessoas desempregadas continua muito elevado e nossa economia sente os reflexos de tudo isso, patinando e trazendo de volta o maior de todos os tributos para os mais pobres: a inflação. Seja como for, estamos chegando ao fim do ano e devemos aproveitar para refletir sobre nossas vidas e renovar nossas esperanças para 2022.

Na mente de todos nós ocidentais, o Natal representa uma época em que as pessoas parecem estar mais benevolentes, sensíveis, receptivas, comunicativas e abertas ao diálogo. Ao mesmo tempo, a sensação de uma jornada que está para ser completada com o findar de mais um ano, nos conduz a uma desaceleração natural em nossa jornada profissional diária e, ao mesmo tempo, lança a semente que fará germinar o novo ano, criando ou renovando esperanças, sonhos, expectativas e desejos.

O Natal - com o nascimento de Jesus -  e o novo ano, caracterizado como um tempo de novas perspectivas e renovação de esperanças, devem fortalecer nossas mentes e corações para a superação das dificuldades e a construção de novos contextos que permitirão resgatar e fortalecer o orgulho de SER HUMANO.

É, portanto, com o pensamento renovado e sincero desejo, que fortalecemos nossas esperanças no amanhã e transmitir a você e seus familiares, os votos de um Natal abençoado e de paz e que o novo ano seja vivido com muita saúde e prosperidade e que, ao final de 2022, possamos celebrar as conquistas que farão parte desse novo ciclo!

Finalizo com um pensamento de Fernando Pessoa: "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce!".  Sonhemos, pois Deus está querendo!

Abraço fraterno!

Carlos Zaffani

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Criar o futuro

Caro leitor:

Redigi este artigo no início da segunda década deste século e foi o primeiro a ser publicado neste blog.  Parece-me que a reflexão feita no mesmo continua cada vez mais válida nos dias atuais e assim, convido-o à sua leitura.

Boa leitura e reflexão!

Cordial abraço,

Carlos Zaffani

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Creio que nada é mais apropriado do que falarmos sobre o futuro das empresas, principalmente porque ainda estamos no início da segunda década do século 21 e os executivos conscientes sentem a sensação de que os modelos de "management" estão no limiar da exaustão (senão inteiramente exauridos), além do que a própria compreensão do verdadeiro significado da vida do ser humano leva todos a buscar transformações nas relações capital x trabalho, lucro x participação, business-to-business, responsabilidade social, interesses individuais x coletivos, vida comunitária, meio ambiente, etc.

Muitos gestores de empresas defendem a criação de cenários como forma de construção do futuro nas empresas. A formulação de cenários, já há algum tempo, é parte presente nos planejamentos estratégicos das empresas e sinto que, de fato, o grande desafio na construção do futuro não será através da formulação de cenários, mas da efetiva construção de algo absolutamente novo, inusitado, substancialmente diferente daquilo que hoje faz parte do ambiente empresarial, fugindo da lógica, talvez do racional e, quem sabe, inventando uma nova realidade.

Certa vez, numa reunião de executivos de empresas sobre "Criação de contextos" foi feita alusão à física quântica e, refletindo à respeito – e como não sou e nunca fui um estudioso da física ou física quântica - gostaria de compartilhar com vocês, um conjunto de idéias e pensamentos extremamente instigantes e, para ajudar nessa empreitada, recorri ao brilhante Consultor e Físico Clemente Nóbrega, em seu livro "Em Busca da Empresa Quântica", (escrito há vários anos, porém super atualizado, em minha opinião).

Nóbrega, como um Físico e Engenheiro Nuclear que se tornou executivo de Marketing e depois Consultor, assim se referiu à física quântica: "A Física Quântica acabou de vez com o que restava de senso comum em ciência. Suas conseqüências foram muito mais perturbadoras que tudo o que Einstein tinha feito. O centro do problema é exatamente este: a interpretação da Física Quântica!”

Apesar da Física Quântica ter representado uma grande novidade em termos de conceitos, ainda era possível manter uma certa tranqüilidade em relação ao fundamento das coisas, isto é: o Universo continuava a ser visto como sempre fora desde Newton: um mecanismo cujo "software" controlador estava programado do início até o fim dos tempos; é claro que esse mundo que os físicos buscavam entender tinha uma realidade objetiva.

Pedras, planetas, mesas e cadeiras existem independentemente do fato de nós estarmos observando, certo? Vire as costas para eles e eles ainda estarão lá, certo? A realidade, qualquer que seja o nível,  é assim, certo?

- Errado sob o prisma da física quântica!

No mundo quântico não se podem manter premissas baseadas no senso comum. Bruce Gregory escreveu em "Inventing Reality":

“Parece perfeitamente razoável, por exemplo, dizer que quando uma árvore tomba na floresta ela faz barulho, mesmo que não haja ninguém por perto para ouvi-la. A Física Quântica não dá respaldo à noções desse tipo. O mundo, pelo menos na escala atômica, não parece ser de uma certa maneira particular quer haja alguém observando ou não.

Pode parecer esotérico, porém não é, pois a Física Quântica permite calcular tudo o que interessa ser calculado a respeito do mundo para o qual ela foi desenvolvida: o mundo do infinitamente pequeno. O mundo do átomo e de suas diminutas partículas constituintes. O problema está na hora de interpretá-la!"

De fato, os eventos quânticos não apresentam causas definidas. Assim é – os estudos e experiências confirmam -  que, dentro do átomo, elétrons saltam de um lado para o outro ao acaso. Ninguém têm condições de saber quando isso vai acontecer. Na essência, o que a Física Quântica diz é que o elétron salta quando quiser. Quem cria a realidade é o observador!

De que forma será possível criar uma nova realidade nas empresas mantendo sistemas, formas e métodos operacionais ou de controle tradicionais, tais como hierarquia, planejamento estratégico, controle orçamentário, etc?

Será que a essência de uma transformação profunda não estaria num componente ideológico? E as pessoas? Afinal de contas, as pessoas têm a necessidade de pertencer ou fazer parte de algo da qual tenham ou sintam orgulho!

Concretamente, como já disseram Collins e Porras: "As pessoas ainda terão uma necessidade fundamental de valores e de um senso de propósito que dê às suas vidas e ao seu trabalho uma noção de significado".

Até que ponto as empresas atuais conseguem fazer com que seus funcionários, colaboradores ou talentos humanos tenham ou sintam orgulho delas? Será que o orgulho se mantém nas situações adversas? Qual o verdadeiro significado que o trabalho fornece para a vida de cada um? Meio de subsistência? Fuga? Realização? Alienação? Quantas diferentes respostas podem ser encontradas?

Por esse caminho entramos num amplo e complexo questionamento: Como mudar os intrincados contextos elaborados e enraizados das estruturas empresariais? Certamente não tenho uma resposta objetiva, mas parece-me que no momento em que conseguirmos dar "significado" ou "sentido" para todas as coisas.  Aqui, não devemos nos referir apenas ao sentido financeiro dos investimentos.

Possivelmente, iniciaremos um processo de produção de resultados e ações mais claras que atendem os objetivos tanto do negócio quanto das pessoas. Afinal, o processo deverá integrar as pessoas e estas deverão estar sintonizadas com o rumo que estarão dando às empresas.

Em outras palavras: As empresas serão as pessoas em processo! Serão duas entidades que se confundirão em si mesmas, não fazendo mais o menor sentido quando olhadas sob óticas convencionais.

A nova lógica empresarial provavelmente terá como premissa a participação de todos, onde cada um jamais sentir-se-á passivo. Cada um dos talentos humanos saberá perfeitamente seu papel dentro do contexto estabelecido e todos estarão essencialmente engajados na busca do objetivo comum.

Como diz Nóbrega: "Uma empresa inteligente. Uma empresa em que todos queiram a mesma coisa, sem imposição, sem controle, sem medo e sem que ninguém tenha de comandar." Tomando seu exemplo: imagine um enorme avião onde centenas de passageiros são responsáveis pela pilotagem da aeronave! Essa é a proposta: aprender a pilotagem coletiva de uma empresa.

Talvez vocês possam questionar-me: E os líderes? Onde ficam nessa história?

 - Continuarão existindo e sempre precisaremos de líderes. Porém, parece-nos que não fará mais sentido os líderes absolutos. Cada vez mais, o papel do mesmo far-se-á presente através de seu comportamento, autenticidade e habilidade para estabelecer os papéis dos "atores ou passageiros" que guiarão as empresas do futuro.

Esse líder saberá, cada vez mais, que os verdadeiros relacionamentos serão construídos na medida em que todos tenham a compreensão exata de que jamais terão todas as respostas e como conseqüência, incentivará todos ao auto-conhecimento e ao restabelecimento de uma nova ordem na convivência das pessoas.Todos temos a sensação de que o mundo precisa ser mudado. Todavia, parece-me que a grande sacada é que depois que conseguirmos mudar o mundo em que vivemos, será preciso transformar esse mundo transformado. O essencial não mais estará presente dentro da lógica que aprendemos e que fomos educados!

Tudo isso fará sentido quando o ser humano tiver a conscientização plena de que sua passagem aqui na terra só terá "significado" quando buscar decididamente a felicidade do outro.  Esse é o segredo! Tão simples, mas ao mesmo tempo, tão complexo e difícil para nós, pobres mortais!

Que pena se isto for apenas um ensaio para reflexão!


Autor: Carlos Alberto Zaffani - Consultor em Gestão de Empresas

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Cuidados a serem tomados na construção da carreira profissional

 Entrevista que, inicialmente, concedi para a intranet de uma grande instituição financeira e que também foi publicada no site do Cenofisco. Nela, abordo vários aspectos sobre os cuidados a serem tomados na construção de uma carreira profissional, bem como em relação aos ciclos dessa trajetória.



1 – Muitas pessoas acham que os anos passam rápido demais. Isso é verdade ou somos nós que decidimos o ritmo de nossas vidas?
R:  Inicialmente, a sensação do tempo passando rápido demais é uma realidade cada vez mais presente em nossos dias  - especialmente para quem vive nas grandes cidades - porque estamos expostos a inúmeros “agentes” (trabalho, estudo, trânsito, insegurança, meios de comunicação, Internet, etc) que atuam como aceleradores de nossa vida. De outro lado, cada um de nós pode dosar tal “aceleração” através de atitudes, posturas e comportamentos que exigem disciplina, persistência, serenidade e muita dedicação pessoal. 

2 – Se colocarmos o pé no acelerador, não corremos o risco de deixar passar coisas importantes? E se pisamos no freio não podemos levar a vida em marcha lenta, o que pode ser fatal para a carreira?
R:  Assim como na direção de um veículo possante, se acelerarmos demasiadamente, poderemos até chegar mais rápido no destino, porém correremos o sério risco de provocarmos um acidente e demorarmos muito mais para chegar onde desejamos. Por isso, sou partidário do equilíbrio na dosagem com que programamos a nossa jornada de vida profissional, ora acelerando na busca dos objetivos de curto prazo e ora mais lentamente, na consecução de nossas metas de longo prazo.

Atualmente, percebo nos jovens, uma necessidade muito forte de crescimento rápido, porém, quase sempre, sem a devida consistência na formação e experiência, o que tem contribuído para muita decepção, tanto para o profissional quanto para as organizações.

3 - Quais são os ciclos da vida profissional? Eles realmente têm a ver com a idade? Qual é a relação que se pode fazer? Como o profissional pode administrar os ciclos?

R:  Podemos sintetizar os ciclos da vida profissional em quatro momentos, ou seja:

·         aqueles que estão iniciando a carreira;

·         aqueles que estão no meio da carreira, porém com falta de perspectivas de crescimento;

·         aqueles que estão no meio de uma carreira ascensional; e

·         aqueles que estão na fase final de suas carreiras

Entendo que não existe uma regra estabelecida em relação à idade, porém da mesma forma que um profissional muito jovem dificilmente chega a um cargo de direção com pouca experiência, um outro com uma certa idade e muitos anos numa mesma posição hierárquica em nível de assistente ou encarregado, alcançará uma posição executiva.

Cada profissional precisa fazer sua auto avaliação sobre o seu momento, onde se encontra e a partir daí, direcionar os passos subsequentes para encerramento ou não de um ciclo.

 4 – Quais são as reflexões mais importantes (ou as perguntas) que deve fazer ao encerrar um ciclo e iniciar outro?

R: Eu diria que , essencialmente, o profissional precisa refletir e responder uma pergunta básica: estou feliz e realizado na minha vida profissional? Se for negativa, faz-se necessário encontrar respostas conclusivas (isso pode ser feito com a aplicação dos “por quês?” até que não exista mais nenhum) e então estabelecer os passos e/ou ações seguintes.
Se a resposta à pergunta básica for positiva, reavalie se seus objetivos continuam claros e continue a jornada.

 5 – Muita gente deixa a decisão sobre suas vidas para amanhã e esse amanhã nunca chega ou chega tardiamente. Tomar decisões e mudar é difícil, mas quais riscos essa postura traz?
R: Na verdade, a maioria dos seres humanos tende a procrastinar suas decisões, “deixando” para outro dia ou para um outro tempo que nunca chega e, com isso, passa a conviver com vários ciclos “em aberto”, os quais acabam contribuindo negativamente nos vários contextos da vida.

Todos nós tomamos decisões em vários momentos de nosso dia-a-dia e não nos apercebemos disso. Todavia, no campo profissional, é comum deixar para amanhã, depois ou nunca e, isso é um dos maiores erros que podemos cometer. Quantos profissionais, por medo ou acomodação, passam a vida infelizes,  simplesmente porque foram incapazes de tomar decisões que envolviam algum risco. Nesse ponto lembro que o risco é parte integrante da trajetória de todo profissional que quer crescer!

 6 – Quais são as consequências da má gestão de carreira?
R: A má gestão de carreira e dos ciclos da vida profissional pode conduzir a pessoa a um estado de exaustão prolongada e consequente diminuição do interesse em relação a todas as coisas que se relacionam ao trabalho. Na medida em que os ciclos profissionais não são fechados, crescem os problemas de relacionamento com as chefias e demais colegas, caem o desempenho e o grau de cooperação com a equipe e aumentam os conflitos internos.

Acredito que as pessoas que conseguem desenvolver uma boa gestão de carreira e dos ciclos da vida profissional se fortalecem e “acumulam energia” que as ajudam a resolver os problemas e superar as barreiras e dificuldades com naturalidade. Apesar de concordar que ser resiliente é uma questão de atitude, tenho certeza que, gerir competentemente a carreira e os ciclos da vida profissional, encerrando-os no tempo certo ou quando as circunstâncias impuserem, irá ajudá-lo a fortalecer seu grau de resiliência.

7 – O que você recomendaria para: os jovens em início de carreira; para aqueles que estão no meio de uma carreira ascensional; para os que estão na fase final de carreira?
R:   Para aqueles que estão em inicio de carreira, recomendo um “planejamento de ciclos”: a estruturação de como se pretende construir a carreira ao longo dos anos. Para tanto, é preciso projetar e estabelecer metas (com prazos) até onde se quer chegar e os meios necessários. Recomendo que jamais se esqueça de que o medo pode ser um dos maiores obstáculos para o encerramento de um ciclo.

Para os que estão no meio da carreira, mas estagnados, minha recomendação é fazer uma “revisão dos ciclos” e planejar os “novos” necessários para uma retomada do desenvolvimento profissional. Para estes lembro que, além do medo, a acomodação pode ser o principal adversário de seu progresso.

Para os que estão crescendo na carreira, recomendo fazer uma “reflexão dos ciclos passados” e a forma como cada um deles foi concluído, extrair os melhores ensinamentos e projetar os “novos”, ainda com maior consistência. Mas, cuidado! Com uma carreira vitoriosa até aqui, certamente o medo não marcou presença em sua trajetória, porém não se esqueça que, se de um lado a confiança é uma das principais qualidades dos profissionais vitoriosos, o seu excesso poderá criar uma “cortina” que impedirá a visão realista dos ciclos atuais e futuros de seu desenvolvimento.

Para aquele que está em final de carreira, independentemente se foi um  profissional de grandes conquistas ou não, lembre-se, em primeiro lugar, que o encerramento de uma carreira deve representar apenas o final de um dos ciclos da vida e assim como o nascer do sol anuncia um novo dia, a perspectiva do final da carreira deve ser o incentivo para a formulação de um (ou vários) ciclo que contemple aspectos que possam trazer bem estar, prazer, realização e crescimento interior.

Para quem se encontra nesse estágio da vida profissional, é essencial a formulação de ciclos que privilegiem a família, a sociedade (representada pelos seres humanos mais carentes), a saúde e a espiritualidade.

Bom trabalho e até breve!

Entrevistado: Carlos A. Zaffani  -  Consultor em Gestão de Empresas

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Empresa familiar: um eterno desafio à gestão

Ao  longo dos  anos fui solicitado a assessorar algumas empresas familiares que atravessavam períodos de incertezas e divergências entre os  membros da segunda geração, surgindo, com isso, problemas que acabavam afetando o dia-a-dia da organização e que poderiam colocar em risco o próprio futuro das mesmas. Tais aspectos, tenho observado, quase sempre se tornam realidade em algum momento da história de muitas empresas familiares.

Diante dessa realidade, achei prudente trazer para este espaço, uma abordagem serena e sucinta sobre alguns pontos que julgo relevantes para o presente e futuro de organizações com tais problemas.

IMPORTANTE: Neste artigo não abordo nenhum aspecto ou consequência da pandemia COVID 19, as quais impactaram (e continuam impactando) muitas empresas familiares

1.      Características comuns observadas em empresas familiares de sucesso

    Muitos aspectos interferem no sucesso ou fracasso de qualquer empreendimento e, em relação às organizações familiares, a situação não é diferente. Entretanto, podemos observar que algumas características comuns estão presentes na maioria das empresas que atravessaram mais de uma geração e continuam vitoriosas:

·         Prevalência do amor e respeito mútuo entre todos o familiares. É comum observar desejos pessoais sendo sacrificados em benefício de outros integrantes da família.

·         A dedicação espontânea e, com isso, ocorre a maximização do potencial individual de cada membro envolvido na gestão.

·         Existe uma compreensão de que a integridade e a família são mais importantes que os bens e o dinheiro.

·         Desenvolve-se um desejo sincero – entre quase todos os membros – de se criar uma história e legado de valores para serem transmitidos para as futuras gerações.

2. O grande desafio

Geralmente, a maioria das empresas familiares nasceu da visão, empreendedorismo, determinação e obstinação de homens e mulheres que acreditaram e se empenharam na concretização de seus sonhos ou projetos de vida.

Quando a segunda geração começa a participar do negócio é que costumam surgir os primeiros problemas e aí ressalta o grande desafio das empresas familiares: a conciliação dos interesses relacionados com:

·         Propriedade
·         Família
·         Gestão

Diferentes sentimentos, visões, posturas, condutas e ambições, entre outros, contribuem para o nascimento de divergências e conflitos que muitas vezes conduzem negócios prósperos ao fracasso e/ou à provável degradação das relações familiares, culminando até com a própria destruição de vínculos, outrora, fortemente construídos.

O que se pode fazer então para evitar que tudo isso venha ocorrer?

Entendo que é preciso focar em três pontos-chave: as FRAQUEZAS que devem ser evitadas; os PONTOS FORTES que precisam estar constantemente monitorados e a possível constituição de um CONSELHO (administração ou deliberativo).

3. Fraquezas a serem evitadas

  • Falta de disciplina no uso ou aplicação dos recursos, especialmente os financeiros (Caixa e Bancos) e os obtidos através dos resultados (Lucro).
  • Conflitos de interesses, principalmente quando se “misturam” questões, assuntos e compromissos pessoais com os da organização.
  • Contratação, aproveitamento, privilégio e/ou promoção de parente com base na relação familiar e não na competência profissional.
  • Imobilidade da área de Vendas / Marketing, o que acarreta à empresa, a perda de oportunidades com novos produtos e mercados.
  • Inexistência ou insuficiência de controles internos e gerenciais, especialmente no que se refere ao planejamento, apuração de resultados e elaboração de orçamentos.
4. Pontos fortes que impõem monitoramento contínuo

  • Sacrifício pessoal – Muitas vezes os sócios são tentados a sacar todos os lucros gerados, porém deve prevalecer o bom senso, postergando tais retiradas ou estabelecendo dividendos mínimos e reinvestindo o máximo possível no empreendimento. 
  • Reputação valiosa  -  Procurar construir e manter com a comunidade, bairro ou cidade, uma reputação baseada no respeito, na ética e na responsabilidade social.
  • Lealdade aos funcionários  -  Dispor de canais de comunicação abertos e eficazes, nos quais a franqueza e o comprometimento estejam sempre presentes.
  • Respeito e união  -  Entre os dirigentes (diretores / gerentes) e os investidores (acionistas / cotistas), objetivando uma comunicação eficiente e facilitando a tomada de decisões.
  • Sensibilidade social  -  Criadas as raízes com a comunidade, bairro ou cidade, é preciso mantê-las e, adicionalmente, ter a sensibilidade para um maior envolvimento e comprometimento social e político.
  • Continuidade  -  Manter o empreendimento próspero para as futuras gerações impõe obstinação, determinação e muito trabalho.
5. Criação de um  Conselho de Administração ou Deliberativo

Tenho observado que tem se tornado cada vez mais comum, as empresas familiares constituírem um “Conselho de Administração ou Deliberativo”, formado por um ou mais membros da família e contando também com a participação de um ou mais profissionais - de fora da organização – competentes, os quais, além da contribuição baseada em suas experiências, servirão como uma espécie de “visão externa” para fortalecimento daquilo de denominamos de “Governança Corporativa”.

Principalmente nas empresas de menor porte e pouco profissionalizadas, é comum os sócios sentirem-se pouco confortáveis em manter um ou mais profissionais no Conselho, pois sentem-se enfraquecidos ou “menos donos do negócio”. Por isso, é essencial que esses “agentes externos” sejam, preferencialmente, profissionais seniores, experientes na gestão de empresas, com ótima visão econômico-financeira e contábil, tenham boa capacidade de comunicação e interação com as pessoas e, principalmente, tenham credibilidade e respeito profissional.

Para que o Conselho possa desenvolver seu papel com eficiência e eficácia, é primordial que a empresa disponha de um sistema de informação (operacional e gerencial) suficientemente capaz para viabilizar análises consistentes dos resultados e das mais importantes questões operacionais, bem como para auxiliar nas tomadas de decisões e direcionamentos estratégicos. Além do mais, os sócios (especialmente aqueles que não participam da gestão ou do Conselho) precisam estar convencidos de que estão recebendo todas as informações relevantes para acompanhamento de como vão seus investimentos na empresa.

O Conselho deve reunir-se uma vez por mês para analisar os resultados e, extraordinariamente, para direcionar e/ou tomar decisões que envolvam temas relevantes, tais como: aprovação de planos de expansão, aquisição de novos equipamentos, fechamento de uma fábrica, aumento de capital, etc.

Finalmente, duas premissas são fundamentais em relação à postura do Conselho:

  • Confiança nas pessoas designadas para a gestão; e
  • Apoio e respaldo ao executivo-chefe e demais diretores, sejam eles investidores ou não.
Convido todos os familiares (sócios ou acionistas) de empresas familiares a refletirem sobre os pontos abordados sem jamais se esquecerem de que o precursor de qualquer empreendimento sonha em poder deixar sua marca, suas realizações, sua lembrança e, principalmente, uma obra que mantenha unida toda a família. Nenhum negócio, bem ou dinheiro no mundo fará sentido para um verdadeiro empreendedor se um desses fatores vier a destruir o elo de união de sua família.

E você, caro leitor, o que acha disso tudo?

Até breve e bom trabalho!

Carlos A. Zaffani
Consultor em Gestão de Empresas