segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Na busca da harmonia organizacional

Apesar de vivermos numa época de grandes transformações no mundo, não podemos afirmar que no campo organizacional também seja uma verdade inquestionável. Evidentemente, não podemos discordar que as duas últimas décadas foram extremamente importantes para, entre outras coisas, o aprimoramento das relações com os clientes  e fornecedores, o desenvolvimento de  novas formas visando ao fortalecimento das relações com os funcionários, surgimento de novos estilos de liderança, utilização de novas maneiras e formatos de comunicação interna e externa, agilização das tomadas de decisões e melhor aplicação de importantes conceitos acadêmicos para uma gestão eficaz.

Todavia, apesar de reconhecer a evolução, continuo com  a impressão de que temos um longo caminho a trilhar para encontrar a organização ideal sob a óptica da relação capital e trabalho, aquela empresa onde suas práticas, políticas, relações e ambiente transbordem características harmoniosas suficientes para distinguí-la das demais e seja um referencial de exemplo verdadeiro para servir como modelo de gestão.

Numa época em que a concorrência torna-se cada vez mais acirrada e, muitas vezes destrutiva, onde a busca pelo resultado a qualquer preço é a “bola da vez” e o pragmatismo irrestrito é ressaltado por muitos como uma das boas características exigidas dos líderes, falar sobre harmonia organizacional parece pieguice de quem não tem o que fazer ou de quem é tão sonhador, que é incapaz de perceber que no século 21, é impossível imaginar ou construir uma organização harmoniosa.

Será mesmo? Será que nos habituamos aos modismos ou modelos de gestão que só incentivam a busca do lucro a qualquer custo?

 Por tudo isso, quero propor alguns momentos de reflexão do prezado leitor e apresentar cinco características organizacionais que poderão ajudar a transformar ou edificar uma empresa diferenciada e admirada, na qual o ambiente construído será a mola propulsora de seu desenvolvimento.
 

  1. CREDIBILIDADE
A credibilidade está para a empresa assim como o bom caráter está para o ser humano.

O bom caráter de uma pessoa se constrói ao longo dos anos, através de suas condutas e atitudes diante dos acontecimentos da vida, enquanto que numa organização, a credibilidade é erguida através de comportamentos éticos em todas as circunstâncias, da qualidade de seus produtos, no atendimento especial aos clientes, no grau de maturidade exercido nas relações com seus fornecedores, na maneira digna e humanizada como os funcionários se tratam entre si e como são tratados pelos superiores, no cumprimento pleno das obrigações legais, fiscais e trabalhistas, no respeito ao meio ambiente e no tratamento dispensado às comunidades ao seu redor e sociedade como um todo.

A credibilidade é um longo processo de conquista constante que precisa ser alimentada no cotidiano pelas práticas para o público externo e pelas atitudes e comportamentos dos sócios, diretores, gerentes, chefias, funcionários e terceirizados. Não é possível construir um contexto de credibilidade sem que haja consistência entre o discurso (missão e valores) e as práticas do dia-a-dia.

Por mais difícil que seja, é preciso haver coerência e consistência em tudo. Se assim não for, a credibilidade – construída ao longo do tempo – se dissipará rapidamente diante dos obstáculos e dificuldades que toda empresa vivencia em sua história.


  1. RESPEITO
Já dizia meu querido pai: “respeito é bom e não custa nada”. De fato, enquanto a credibilidade constrói a confiança, o respeito edifica a cooperação.

Relações construídas com base no respeito viabilizam vias de mão dupla, ou seja, dificilmente a parte contrária agirá com falta de respeito quando é tratada por ela com dignidade. Nas relações internas, quando os funcionários percebem um ambiente de respeito em todas as situações e entre os diferentes níveis hierárquicos, haverá naturalmente uma nova atitude entre os colegas de trabalho, prevalecendo comportamentos educados e sadios.

Entre os funcionários, o respeito pode ser percebido pela forma como são tratados pelos superiores e pelo ambiente que dispõem para que possam desenvolver suas atribuições com eficiência, segurança e eficácia e, ao mesmo tempo, pela maneira como são reconhecidos e valorizados.

Muito embora possa parecer que o respeito possa estar presente somente nas relações entre as pessoas (diretores, funcionários, clientes, fornecedores, etc), entendo que vai mais além, pois se faz necessário no cumprimento às leis, na preocupação com a preservação ambiental e no real interesse pela perspectiva de construção de uma sociedade melhor.


  1. IMPARCIALIDADE
Ser imparcial talvez seja uma virtude divina, razão pela qual parece que a parcialidade é uma característica inerente ao ser humano.

Se assumirmos – como premissa – que o ser humano é parcial por natureza, concordaremos que hoje em dia, talvez essa seja uma das características menos observadas dentro das organizações, nem tanto porque não queiram, mas principalmente pelas dificuldades de sua aplicação em função de políticas mal concebidas ou em razão de estruturas cada vez mais descentralizadas.

A imparcialidade se baseia na inexistência do favoritismo. Por isso, a existência de políticas, normas e regras objetivas e transparentes são essenciais para se criar uma atmosfera positiva e saudável em todos os níveis hierárquicos e onde prevaleçam tratamentos igualitários, independentemente de raça, cor, religião, orientação sexual, bem como em relação a toda e qualquer questão que envolva diferentes áreas de uma organização.

Desenvolver a imparcialidade numa organização será sempre um grande desafio!


  1. CAMARADAGEM
A camaradagem é o complemento da confiança construída através da credibilidade e da cooperação conquistada pelo respeito. A busca pelo equilíbrio entre essas características fortalecerá a camaradagem entre todos os membros de uma empresa.

É impossível imaginar um ambiente onde predomine a camaradagem sem que haja transparência nas práticas organizacionais. Assim, a construção de um ambiente com tais características exige desprendimento em relação a certos comportamentos pessoais e impõe posturas de proatividade em todas as circunstâncias.

As diferenças existentes nos graus de exigências das pessoas pode ser o grande empecilho na construção de um ambiente de camaradagem, pois para muitos tal atitude poderá transparecer – em certas circunstâncias – negligência ou conivência com situações desfavoráveis ou de tensão. Por isso, o companheiro perene da camaradagem será sempre o equilíbrio emocional e a serenidade.

Enquanto o equilíbrio emocional propicia a dosagem adequada na avaliação do fato ou circunstância desfavorável, a serenidade auxilia para um direcionamento ou suporte positivo sem jamais esquecer o espírito de camaradagem.

A camaradagem não guarda relação direta com a amizade, pois independe dela. Para um amigo talvez seja fácil ser camarada, entretanto para um colega de trabalho nem sempre o será. Assim, a construção de um ambiente prevalente em espírito de camaradagem é um desafio específico e diário para cada pessoa na organização.

 
  1. ORGULHO
O orgulho é um sentimento que pode ter conotações distintas dependendo da situação ou de quem observa, pois pode ser confundido com a prepotência. No campo organizacional, o orgulho deve ser encarado como uma grande conquista: o orgulho de fazer parte de um time vencedor, de um grande projeto terminado dentro do prazo, de uma meta alcançada ou superada, de pertencer a um departamento que se destaca naturalmente ou de uma empresa que é admirada pelo mercado.

O orgulho organizacional pode ser expresso como o conjunto de sentimentos que ultrapassam os muros da empresa e transparecem em comportamentos e atitudes em quaisquer lugares que os funcionários estiverem. É sempre gratificante encontrar um funcionário que tem orgulho de fazer parte de sua organização, porque ele transpira alegria e energia positiva quando fala dela.

Por tudo isso, construir uma organização em que todos tenham orgulho de nela estar é mais um desafio para os gestores, o que impõe – entre tantas outras qualidades – um grau cada vez maior de responsabilidade social e cidadania.

 
Considerações finais

As cinco características que abordamos não são as únicas e não garantirão o sucesso de uma empresa. Todavia, a construção de ambientes que saibam combinar a credibilidade, o respeito, a imparcialidade, a camaradagem e o orgulho será decisiva para viabilizar uma organização reconhecida e admirada por todos.

Como gestores do século 21, precisamos estar atentos para coisas tão simples mas tão importantes para o futuro de nossas empresas. Pensem nisso!

Bom trabalho e até breve!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário